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Zico sobre SAF no futebol brasileiro: “Não sou contra, mas não é a solução”

Tendência na Europa e responsável por dividir opiniões entre as pessoas ligadas ao futebol no Brasil, a Sociedade Anônima de Futebol (SAF) já é uma realidade no País e ganha cada vez mais força. Cruzeiro, Botafogo e Vasco são exemplos de times que já adotaram o modelo de gestão, passando de associação civil sem fins lucrativos para empresarial. Além desses, outros clubes do Brasileirão também já viraram SAF, enquanto há times que caminham para isso. Para Zico, ícone do esporte e parte fundamental da história do Flamengo, o formato “não é a solução para o futebol brasileiro”. O ex-jogador diz não ser contra a SAF, mas avalia que é preciso mais esclarecimentos e transparência em relação ao modelo. “Tem que ser explicado para todo mundo como é esse comando da SAF”, disse o ídolo do Flamengo durante visita à cidade de Goiânia, nesta quinta-feira (10/8). A convite do Serviço Social do Comércio de Goiás (Sesc/GO), Zico ministrou palestra na capital sobre gestão esportiva no futebol.

O ex-jogador afirmou à reportagem do jornal A Redação que tem ouvido muitas reclamações relacionadas às dívidas de clubes que aderiram à SAF. “Quando uma pessoa é responsável por aquilo que está fazendo, é mais fácil o controle. Mas quando tem uma equipe à frente e tem um fundo por trás, aí ninguém sabe de onde vem as coisas. Então é preciso uma coisa mais clara”, pontuou ao citar que o modelo de gestão no futebol já existe em clubes de várias partes do mundo. “Acho, inclusive, que demorou a chegar no Brasil”, completou ao citar a possibilidade do fenômeno ser “momentâneo” no País.

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Entenda
SAF é a sigla para Sociedade Anônima de Futebol, que foi criada a partir da Lei 14.193/2021, permitindo que clubes de futebol do Brasil pudessem ser transformados em empresas. Além da mudança no formato de gestão, a alteração é vista também na forma de tributação, bem como normas de governança, controle e meios de financiamento para a atividade do futebol, podendo, inclusive, emitir títulos no mercado, com a regulação dos clubes pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Uma vez que a companhia é constituída nesse modelo, é possível vender parte majoritária, minoritária ou todo capital do clube para um novo proprietário. Entre os exemplos estão John Textor, Ronaldo e 777 Partners, que foram os primeiros casos de grande repercussão, respectivamente com Botafogo, Cruzeiro e Vasco. A lei que possibilitou a SAF no País permite, aos clubes, o parcelamento de suas dívidas, bem como a separação entre obrigações civis e trabalhistas, sem que sejam repassadas à nova empresa responsável por administrar a atividade futebolística

Enquanto muitos definem a SAF como “solução” para problemas financeiros de alguns clubes, Zico prefere avaliar com cautela e levanta questionamentos. “Posso dizer que em 1990, quando eu era secretário de Esporte, na Lei de Desporto existia um item que poderia transformar o futebol dos times em empresas, mas só no futebol, sem se desvincular da parte social do clube em si, que é o que existe em todo o Brasil. E ninguém quis naquela época. E hoje a SAF seria solução? O Brasil ganhou 5 Copas do Mundo sem saf. Por que agora essa seria a solução?”, arrematou.

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