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Trance e União: A Revitalização da Cena Rave em Goiânia Pelas Mãos de Visionários

A sinfonia eletrônica inicia discreta, crescendo em ondas sonoras que desenham uma jornada quase espiritual. Entre luzes e sombras, a atmosfera se transmuta em um palco vivo, onde a arte se manifesta em suas mais diversas formas. Goiânia, palco histórico do sertanejo e do rock alternativo, vem, desde os anos 90, redescobrindo e se apaixonando novamente pela energia transcendente das raves e a pulsante melodia do trance, uma subcultura que tem visto um renascimento vibrante.

Este mundo interconectado recentemente sentiu o choque dos terríveis eventos em Israel, onde uma festa foi palco de uma devastadora perda de vidas devido a um atentado terrorista. A dor ecoou até Goiânia, cidade que frequentemente vibra ao som de grandes nomes do trance israelense. Contudo, apesar das adversidades, a música não cessou, e festivais como o Hipnótica continuam a ser um refúgio para admiradores do gênero, unindo recentemente uma variedade de artistas nacionais e internacionais em um espetáculo de celebração e resiliência.

Embora as raves sejam um mosaico de estilos, o trance se destaca em Goiânia. O gênero, originário da Índia e aclamado em Israel, encontrou no Brasil um terreno fértil, crescendo e evoluindo através das mãos de talentosos profissionais e escolas de música, como relata o renomado DJ Pedrão Labirinto.

Dentro deste cenário revigorado, o trance tem encontrado seu espaço em festivais diversos, um movimento observado de perto por figuras como Pedrão. A cena do trance em Goiás explodiu nos anos 2000, com festivais que se tornaram lendários, solidificando o estado como um epicentro dessa expressão artística.

Neste universo de batidas e harmonia, Murillo Rodrigues de Oliveira (Murillo Kobot) e seu sócio Jonatas Rodrigues Silva “Gaguinho” têm sido figuras centrais. Responsáveis pelo Hipnótica, eles transformaram o festival em um dos encontros de psytrance mais prestigiados do país. De frequentadores apaixonados a DJs, e finalmente mestres cerimoniais de sua própria marca, Murillo e Gaguinho navegam pela evolução constante da cena, enfatizando a diversidade dentro do psytrance e a transformação do mercado.

A dupla não só cativa o público com a música mas também tem a visão de desmistificar preconceitos em torno das raves e do trance. Parte de sua missão é expandir a influência do gênero, utilizando o Hipnótica como plataforma para iniciativas sociais, como a recente arrecadação de uma quantidade significativa de alimentos não perecíveis.

Artistas como a DJ Gaia, cuja jornada sonora começou nas ondas do rádio, agora encontram no trance uma forma de expressão e educação, reforçando os valores de P.L.U.R (Paz, Amor, União e Respeito). Este sentimento é ecoado por Salomão Augusto, que observa o alcance crescente do gênero em território goiano e a honra expressa por DJs internacionais ao tocar em solo brasileiro.

O trance, com suas múltiplas facetas, é um universo em si. Reconhecendo a complexidade deste mundo, Murillo e Gaguinho enfocam a curadoria de experiências, selecionando cuidadosamente estilos e DJs para criar eventos de longa duração que marcam a memória dos participantes.

O conceito de P.L.U.R, nascido na cultura rave, ressoa fortemente entre seus adeptos. Mais que uma filosofia, é um estilo de vida que define a comunidade, enraizado em movimentos históricos que enfatizam a coletividade e a celebração da vida, elementos essenciais que Murillo, Gaguinho e seus contemporâneos continuam a honrar e propagar.

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