Símbolo do antirracismo, Vini Jr descobre ancestralidade em Camarões
Craque se emociona ao saber que antepassados pertenciam à tribo Tikar
As celebrações do dia da consciência negra, feriado nacional nesta quarta-feira (20), foram antecipadas pela CBF, na noite véspera, nas Arena Fonte Nova, palco do Brasil x Uruguai, em Salvador (BA). O atacante Vinícius Júnior, expoente da luta contra o racismo no Campeonato Espanhol, foi presenteado com um certificado de ancestralidade. O craque nascido em São Gonçalo (RJ) descobriu que seus antepassados mais longínquos eram de Camarões, no continente africano, provenientes do povo Tikar.
A identificação da ancestralidade de Vini Jr foi possível a partir de um teste de DNA, feito a pedido da CBF à empresa African Ancestry, pioneira no rastreamento genético de ancestrais paternos e maternos para pessoas negras em todo o mundo. Vinícius José Paixão de Oliveira, pai de Vini Jr, era o único que sabia da cerimônia- surpresa em homenagem ao filho, mas desconhecia o resultado do teste de DNA.
A homenagem à Vini Jr faz parte da campanha “Raízes de Ouro”, campanha idealizada pela CBF, que visa “inspirar todos os brasileiros afrodescendente a terem orgulho de seus ancestrais e dos países africanos”.
Fundadora e presidente da African Ancestry, Gina Paige disse estar honrada em poder revelar a ancestralidade africana a Vini Jr e família.
A CBF considera que o camisa 7 da seleção “segue os passos de grandes ícones afro-brasileiros como Pelé, Garricha, Didi, Barbosa e Ronaldinho Gaúcho”. Vários craques brasileiros que se destacaram no futebol mundial também foram celebrados na noite de terça (19) com um mosaico gigante na Arena Fonte Nova.
Além do certificado e da veiculação nas redes sociais de um filme sobre ancestralidade afrodescendente no país, a CBF exibirá uma foto de Vini Jr ao lado das bandeiras do Brasil e de Camarões, na fachada da sede da entidade, na Barra da Tijuca, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro.
Estreia no Brasil do gesto antirracista da Fifa
A Fifa, entidade que regulamenta o futebol no mundo, aproveitou o clássico sul-americano em Salvador, cidade com maior população negra fora do continente africano, para implementar pela primeira vez no Brasil o “gesto antirracista”. Em resumo, o jogador que cruzar os braços em forma de X na frente do peito durante uma partida, estará sinalizando ao árbitro que foi alvo de insulto racista. Diante do gesto, o árbitro procederá poderá proceder de três formas: interromper a partida; suspendê-la se o abuso continuar, orientando os jogadores e dirigentes a deixarem o campo de jogo; e, por fim, caso o incidente prossiga, o árbitro deixará a partida.
O gesto antirracista foi aprovado em maio no 74º Congresso da FIFA em Bangkok (Tailândia) e se tornou parte do protocolo do futebol em setembro, ao ser implementado na Copa do Mundo Feminina Sub-20 na Colômbia.
Por: Agência Brasil