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Semana Mundial da Alergia tem ação de conscientização no Parque Flamboyant

Para conscientizar a população sobre os riscos da alergia alimentar, membros da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia – regional de Goiás (ASBAI-GO), realizaram uma ação no Parque Flamboyant, na manhã deste domingo (23/6). Além disso, a entidade reforçou os cinco obstáculos principais enfrentados por pacientes com diagnóstico de alergia alimentar. A iniciativa compõe a Semana Mundial da Alergia, que soma forças com organizações do mundo inteiro.
Em 2024, a campanha ocorre entre os dias 23 e 29 de junho com o tema “Superando os Obstáculos em Alergia Alimentar”, escolhido pela World Allergy Organization (WAO). A Coordenadora do Departamento Científico de Alergia Alimentar da ASBAI Nacional, Dra. Lucila Camargo, explica que o Brasil enfrenta muitos obstáculos nessa área, como a falta da caneta de adrenalina autoinjetável; a banalização dos testes de farmácia para alergia alimentar, que oferecem riscos ao paciente; e a falta de procedimentos essenciais e já reconhecidos mundialmente, que deveriam ser cobertos por planos de saúde e Sistema Único de Saúde (SUS).
Confira os cinco principais obstáculos em alergia alimentar:
1- Aleitamento materno: as mães que têm a indicação de dieta restritiva precisam de todo o apoio para conseguir manter o aleitamento materno, com o suporte de médicos, nutricionistas e da família. A fórmula infantil não é o melhor alimento. Além disso, “é importante lembrar que nem sempre é necessário fazer dieta de restrição nas mães, já que algumas crianças não reagem à proteína do leite que passa pelo leite materno. A orientação é restringir apenas para quem precisa realmente e incentivar essa mãe a continuar a amamentar o filho”, comenta a coordenadora;
2- Diagnóstico: é preciso investigar a história clínica adequadamente para que se possa reconhecer os mecanismos imunológicos envolvidos. Havendo necessidade, pode-se solicitar os exames auxiliares. Nas alergias mediadas por lgE, é interessante investigar as lgEs, porém, não é indicado fazer exame de lgG. Testes cutâneos ou de lgE positivos não fazem diagnóstico isoladamente, isso porque a lgE positiva indica sensibilização e não alergia; e a lgG positiva indica contato prévio com alimento, mas não que o paciente está alérgico;
3- TPO: o Teste de Provocação Oral (TPO) pode ser necessário para diagnóstico e para checar a aquisição de tolerância nas diversas idades e para diversos alimentos. É o melhor método para se investigar a condição alérgica, reconhecido mundialmente. A Dra. Lucila Camargo conta que, apesar desse procedimento ter sido incorporado no Rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), ou seja, ser coberto pelos planos de saúde, hoje ele está disponível apenas para a investigação da alergia ao leite de vaca em crianças de até 24 meses de idade.
“No SUS, o TPO foi aceito para incorporação, em março de 2022, porém, até hoje, não foi disponibilizado o código na tabela SIGTAP, necessário para que os hospitais da rede pública recebam o pagamento do Estado por esse procedimento”, comenta a Coordenadora da ASBAI.
Importante! O TPO só deve ser realizado em hospitais e clínicas especializados em alergia e preparadas para eventuais reações mais graves, como a anafilaxia;
4- Reação alimentar por contato cruzado: informar e conscientizar sobre os riscos de uma reação alérgica alimentar por contato cruzado é um dos obstáculos a serem vencidos no âmbito da alergia alimentar. A leitura atenta de rótulos dos alimentos, para verificar a presença de alérgenos ou ingredientes relacionados é de extrema importância. Em restaurantes, perguntar sobre ingredientes e métodos de preparação para evitar contato cruzado também deve ser uma prática da pessoa com alergia e/ou seus familiares/cuidadores.
A conscientização da população geral se faz necessária para entender que mínimas quantidades do alérgenos podem, eventualmente, deflagrar reações graves nos alérgicos mais sensíveis, assim, todo cuidado no preparo do alimento traz segurança e inclusão;
5- Autoinjetor de adrenalina: o dispositivo autoinjetável de adrenalina é um item obrigatório do kit emergência de pacientes com reações mediadas por IgE sob risco de anafilaxia, reação alérgica potencialmente fatal e que pode ser revertida com a aplicação da adrenalina, medicação mais eficaz na contenção desse processo.
“Infelizmente, a caneta de adrenalina autoinjetável ainda não está disponível facilmente no Brasil, apenas via importação e a preços elevados, impraticável para a maioria da população, que precisa de ter mais de um dispositivo”, enfatiza Camargo.
Projeto de lei
No último dia 6 de junho, o deputado e relator do Projeto de Lei 85/2024, Zé Vitor, deu parecer favorável à distribuição gratuita da caneta de adrenalina autoinjetável, no Brasil, pelo SUS. Uma emenda foi acrescida ao PL 85/2024 que determina que espaços públicos, como academias, parques, supermercados entre outros locais com grande circulação de pessoas tenham disponíveis a caneta de adrenalina autoinjetável. Agora, o PL 85/2024 seguirá para votação na Comissão de Finanças e Tributação e, ao final, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. Enquanto isso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aguarda a solicitação de registro do dispositivo para que possa avaliar a aprovação.
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