A produção de grãos em Goiás pode apresentar perdas de 15 a 23% este ano. Os dados representam cerca de três milhões de toneladas de soja em todo o Estado. O setor é um dos mais pujantes da economia goiana e pode enfrentar problemas com as irregularidades das chuvas. Os dados são da Federação da Agropecuária e Pecuária (Faeg), por meio da Expedição Safra Goiás.
Durante a expedição, foram percorridos mais de 8 mil quilômetros, passando por 80 cidades que apresentaram plantações com situações diversas, como em algumas colhidas, soja em situações de germinação e lavouras de safrinhas já semeadas. A principal causa da variação são as condições climáticas, com longo período de seca. Dentre as regiões mais atingidas estão Sudoeste de Goiás, Vale do Araguaia e Nordeste goiano.
Conforme os dados, no ano passado a produtividade obtida foi de 65 sacas por hectare. Com o cenário atual, estima-se uma variação entre 50 e 55 sacas, ou seja, uma perda de 10 a 15 sacas por hectare, principalmente nas lavouras mais precoces que sofreram com a seca.
Em 2023, foram colhidas 17.7 milhões de toneladas de soja. Agora, devido a essa perda produtiva, estima-se entre 13.8 a 15.2 milhões de toneladas para a safra 20233/24, o que representa uma redução de até 3 milhões de toneladas.
Segundo o presidente da Faeg, José Mário Schreiner, denominou os resultados como uma “surpresa bem desagradavel”. “Ainda há muita coisa a ser conferida, tudo depende de como o clima irá se comportar daqui para frente. Sabemos que o El Niño perde força até abril, no entanto, não teremos chuvas constantes”, afirma.
Ainda de acordo com Schreiner, estima-se uma perda considerável que deve, sem dúvida, gerar prejuízos ao produtor rural, à agroindústria e também nas exportações, uma vez que haverá menos produtos. Além disso, o presidente da Faeg cita impactos à empregabilidade e a outras cadeias da agropecuária, como da pecuária de corte e leite que, com a queda na produção de grãos, também acendem a luz amarela. “É o momento de começar a debater a necessidade dos produtores se prepararem para o período de seca que está por vir, orientando a guardarem materiais e procurarem ajuda caso necessário”, ressalta.
Os locais de mais agravamento de perda nas lavouras de soja foram percebidos nas regiões Sudeste do Estado, com o predomínio do plantio precoce, na região do Vale da Araguaia, subindo para Caiapônia até Nova Crixás, e a região Nordeste, como o município de Posse. Até o momento o período inicial de colheita, abrange áreas de pivô, lavouras que anteciparam o ciclo por causa da questão climática estão 3 a 5% ainda colhidas.
Coordenador técnico do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Alexandro Santos salienta que produtores que ainda vão começar esse processo precisam ficar atentos com os próximos passos.”Os meses de fevereiro e março são importantes para mensuração dos níveis de produção. Será neste período que haverá colheita nas lavouras plantadas em novembro e dezembro. Além disso, as chuvas serão fundamentais neste momento de finalização. Com isso, é necessário estar atento aos prognósticos climáticos para uma maior assertividade no tempo de colheita”, explica.
Milho safrinha
No caso do plantio da safrinha, a tendência é uma redução significativa no que corresponde à área plantada. Com isso, segundo o assistente técnico da Faeg, Leonardo Machado, os preços do milho têm previsão de estarem mais elevados no segundo semestre deste ano, com impacto inflacionário para a criação de aves, suínos, pecuária de corte e também de leite.
Leonardo enfatiza ainda que os impactos serão sentidos inicialmente pelos produtores. Isso porque poderá haver uma menor produtividade, consequentemente uma renda reduzida. Os prejuízos também serão percebidos nas exportações, com redução na oferta de sacas. Como uma área pujante para a economia, o Estado poderá ter grande impacto. O assistente da Faeg não cita se os preços devem se elevar também aos consumidores.
