Entretenimento

rtista Augusto Mangussi marca na presença FARGO 2025 e lança sua própria marca de lençóis estampados com obras autorais durante a feira

Aos 16 anos, essa é a segunda participação do artista, divulgada com autismo, na Feira de Arte Goiás

O jovem artista goiano Augusto Mangussi , de 16 anos, apresentado com autismo, é um dos expositores da 7ª edição da Feira de Arte Goiás ( FARGO ), que ocorre de 14 a 18 de maio de 2025 no Museu de Arte Contemporânea de Goiás (MAC), no Centro Cultural Oscar Niemeyer, em Goiânia. Sua segunda participação no evento terá um marco especial: o artista lançará sua própria marca de lenços estampados com obras autorais . As peças exclusivas – que exploram temas religiosos e paisagens naturais – integram uma nova fase de sua trajetória, conectando arte e design de forma acessível ao público.

Segundo sua mãe, Larissa Lafaiete, a introdução à pintura teve um impacto significativo no desenvolvimento de Augusto, melhorando sua concentração, habilidades sociais e autoestima. “A arte proporcionou ao meu filho um sentido de propósito e reconhecimento social”, destaca, acrescentando que “a presença de Augusto na FARGO 2025 não apenas destaca seu talento artístico, mas também reforça a importância da inclusão e do reconhecimento de artistas neurodivergentes no cenário cultural brasileiro”.

Desde que iniciou sua jornada artística aos 9 anos, Augusto já produziu mais de 200 obras e participou de 12 exposições, incluindo duas nos Estados Unidos. Em 2019, foi o expositor mais jovem e o único artista autista na feira Red Dot, durante a Semana de Arte Basel em Miami. Também participou da Expo Arte Arizona, promovida pela Focus Brasil, e da ExpoArte SP, sendo reconhecido por seu estilo único e expressivo.

Augusto também já apresentou a exposição “Um Olhar Azul” no Museu da Inclusão, em São Paulo, em abril de 2024, como parte das atividades do mês de conscientização do autismo. Ele também foi destaque no 1º Congresso Internacional de Autismo realizado na Bahia, onde suas obras foram apreciadas por autoridades e especialistas da área.

Arte com Propósito

Autista não gosta de contato. Autista não gosta de barulho. Autista não se relaciona. Sintomas típicos do transtorno global de comportamento, que afetam 1 a cada 36 crianças no mundo , mas que podem ser atenuados consideravelmente. Uma família quebra paradigmas depois que o filho autista, hoje com 16 anos, entrou em contato com as artes plásticas aos 9 anos.

O primeiro ganho para Augusto foi a capacidade de concentração: para autistas, permanecer muito tempo em uma atividade não é fácil. Mas, além disso, a arte do garoto também começou a chamar atenção. “Todo mundo começou a elogiar os quadros que ele fazia. Vinha uma professora e proposta bonita e pedia um quadro para a sala. Alguns pais viam, elogiavam e também queriam. Começamos então a fazer pequenas exposições dentro da escola. Depois o pai dele montou uma conta no Instagram com os quadros dele e ele começou a ganhar muitos seguidores”, relembrou a mãe.

Foi através da rede social que veio o convite para Augusto participar do concurso de arte Eyecontact Festival Of Arts for Autists , realizado em 2018, em Ribeirão Preto durante o maior Seminário de Autismo do Brasil – TEAMO. O projeto foi criado pelo médico Carlos Gadia, uma referência mundial em autismo, e sua esposa, a artista plástica Grazi Gadia.

Foi a primeira participação de outras seis que aconteceram em um período de apenas um ano, durante 2019. “Nós mandamos os quadros dele para o fundador da Expo Arte SP, o galerista Eduardo Mônaco, que selecionou o quadro para a edição de 2018. Augusto foi a primeira e única criança a expor no evento. A partir daí ele começou a ter uma projeção bacana e já participou de várias edições”, lembra a mãe do artista. “Foi nesta exposição que vendemos um quadro dele para uma celebridade sem saber. Havia uma moça muito bonita que se encantou com um quadro que o Augusto pintou de três baianas. Ela disse que iria apresentar o marido. Ela fez algumas ligações e decidiu levar outro quadro e disse que tinha um sobrinho autista. Então ficamos conversando e ela foi muito agradável. Mas não sabíamos quem era ela. Pelo nome dela no comprovante do pagamento pesquisando quem era. Descobrimos que era neta do ator Lima Duarte e esposa do cantor Seu Jorge”, relembram Larissa e o marido Antônio Augusto Mangussi.

A estreia internacional aconteceu em 2019, na Semana de Art Basel, em Miami. Augusto levou seus quadros para o Red Dot, uma delas, sendo o único com deficiência a participar. “Foi um grande orgulho para nós, que priorizamos o desenvolvimento de nosso filho em detrimento de nossas próprias carreiras profissionais. Uma vez que ele tem talento e está feliz, desejamos que seja um caminho para sua autonomia e independência no futuro, quando ele não estivermos mais aqui”, conta o pai. O jovem pintor também já participou da Expo Arte Arizona, da Focus Brasil, que reuniu vários artistas plásticos brasileiros de renome e Augusto foi um convidado especial.

Augusto também foi destaque no 1º Congresso Internacional de Autismo realizado na Bahia, no ano passado, onde seu trabalho foi apreciado pela 1ª dama do Estado de Goiás, Gracinha Caiado. Seus quadros também viraram estampa de roupas da Sui Generis Camisaria Feminina, uma marca de Curitiba, cuja dona também tem um filho autista. “Ela criou este projeto que traz nas roupas desenhos feitos por crianças autistas”, conta Larissa.
Sempre orgulhosa dos trabalhos do filho e sobretudo de sua evolução, Larissa diz que a arte trouxe para Augusto um ganho inestimável para sua vida. “Acho que trouxe caminhos pra ele, abriu um horizonte. Nem digo pintar em si, mas arte de maneira geral. Através da arte ele se sentiu importante. Porque ele começou a expor, as pessoas começaram a elogiar o que ele fez. Então o que a arte trouxe de melhor foi habilidade social, algo que realmente é muito difícil trabalhar no autista”, diz.

Descoberta do autismo
Larissa conta que segue o comportamento diferente do filho por volta de um ano e dois meses. Uma aula de musicalização infantil foi uma gota d’água para que ela não adiasse mais a busca por ajuda. “As outras crianças faziam coisas que a professora mandava e o Augusto não fazia. Você mandava buscar o lenço, todas as crianças iam, e o Augusto ia para a janela; mandava buscar um chocalho, as crianças todas iam, e o Augusto ia pra janela; davam uma outra coisa interessante para elas buscarem, um fantoche enorme, e as outras crianças iam e ele não. Via que algo estava errado”, conta.

Depois disso, partiram para buscar o diagnóstico, mesmo que o próprio pediatra da criança dissesse que não tinha nada errado com ele. “Um dia, na faculdade onde eu dava aula, tinha um computador na sala dos professores e eu neste dia cheguei uns 20 minutos antes da aula, e comecei a fazer uma pesquisa por minha conta e colocava os sinais que eu percebia no Augusto. Não apontava, ausência do espectro protodeclarativo, não tem interesse social comum, e para tudo isso que eu jogava no Google e vinha sempre uma única resposta: autismo”.

Segundo o pai Antônio Augusto, a demora e a insegurança da grande maioria dos médicos em fechar um diagnóstico de autismo é um problema. “Na verdade no Brasil os médicos não têm coragem de fechar diagnóstico com criança pequena com medo de errar e isso, ao meu ver, prejudica muito. E além do mais, quando uma pessoa que quer se enganar acredita na primeira opinião médica e muitas vezes o filho não tem o tratamento adequado”, afirma.
Logo após o diagnóstico, a família priorizou as terapias para o desenvolvimento de Augusto, chegando a se mudar para a capital paulista com esse objetivo, entre os anos de 2013 e 2015 e entre 2018 e 2019. De volta a Goiânia, hoje os pais de Augusto tentam ajudar o filho a realizar seu sonho que, segundo ele próprio, é fazer faculdade de belas artes em Miami.

Serviço

FARGO – Feira de Arte Goiás 2025

Data: 14 a 18 de maio

Horário: 14h às 21h

Local: Museu de Arte Contemporânea de Goiás (MAC), Centro Cultural Oscar Niemeyer, Goiânia (GO)

Estande próprio

Entrada: Grátis

Por: Daniele Flöter

Botão Voltar ao topo