Putin desafia mandado de prisão e visita áreas ocupadas da Ucrânia
Presidente é acusado de crimes de guerra
O presidente russo, Vladimir Putin, fez uma visita surpresa à cidade ucraniana de Mariupol, ocupada desde maio de 2022, sua primeira viagem desde que o Tribunal Penal Internacional, em Haia, emitiu um mandado de prisão contra ele por crimes de guerra. Foi também a primeira visita de Putin à região industrial de Donbas, tomada da Ucrânia no ano passado, e o mais próximo que o presidente russo esteve da linha de frente da guerra.
De acordo com a agência de notícias Tass, Putin voou de helicóptero para Mariupol no sábado (18/3) e fez um tour pela cidade. Ele conversou com moradores e recebeu um relatório sobre as obras de reconstrução. Mariupol foi palco de uma das batalhas mais sangrentas da guerra e marcou a primeira grande vitória da Rússia, depois do fracasso da ofensiva contra Kiev. A cidade foi capturada após um longo cerco no qual as forças russas destruíram a siderúrgica Azovstal, último reduto da resistência ucraniana.
Crimeia
No sábado, antes de viajar para Mariupol, Putin passou algumas horas na Crimeia, uma viagem que marcou o aniversário de nove anos da ocupação da península ucraniana. A TV estatal mostrou o presidente visitando a cidade de Sebastopol, no Mar Negro, acompanhado pelo governador local, Mikhail Razvozhayev, que foi indicado por Moscou.
As viagens de Putin ocorreram logo após a emissão de um mandado internacional de prisão contra ele. Na sexta-feira (17/3), um painel de juízes do TPI pediu a prisão do presidente russo citando evidências de crimes de guerra, em razão da deportação em massa de crianças ucranianas para a Rússia. Kiev diz que mais de 16 mil menores foram sequestrados desde o início do conflito, em fevereiro de 2022. Muitos deles foram colocados em instituições e lares adotivos.
O promotor do tribunal, Karim Khan, disse que Putin pode ser preso se pisar em qualquer um dos 123 países que ratificaram o Tratado de Roma e reconhecem a jurisdição da corte. O Kremlin afirmou que não reconhece a jurisdição do TPI – o Tratado de Roma, que criou o tribunal, foi assinado pela Rússia, mas nunca foi ratificado. O mandado de prisão, portanto, segundo o governo russo, não afetaria Putin. No fim de semana, o presidente russo parece ter reforçado essa imagem, ao caminhar tranquilamente pelos territórios ocupados.
Isolamento
A situação de Putin, no entanto, não é a mesma desde que o TPI pediu sua prisão. Seu isolamento internacional aumentou. Ontem, a Alemanha disse que o presidente russo será preso se pisar no país. “Se ele entrar em território alemão, será preso e entregue ao TPI”, disse Marco Buschmann, ministro da Justiça. (Com agências internacionais) As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.