Mercado imobiliário recebe remessas financeiras vindas de brasileiros que vivem no exterior
Transferência de recursos vindos de fora tornou-se ainda mais vantajosa com a forte alta do dólar frente ao Real. Só no acumulado deste ano a moeda americana valorizou 17,5%
De acordo com dados do Ministério das Relações Exteriores (MRE), o número de brasileiros morando no exterior aumentou 9% em 2023, atingindo a marca de mais 4,9 milhões de cidadãos. Eles emigraram atraídos por melhores oportunidades profissionais, melhor qualidade de vida e segurança, mas uma boa parte desses brasileiros que moram fora enviam recursos financeiros para o Brasil, sendo uma parte significativa dessas remessas vindas de fora têm o mercado de imóveis como destino, como uma alternativa segura para investir e constituir patrimônio. Neste mesmo ano, os nossos compatriotas que vivem fora do país enviaram o equivalente a cerca de 4 bilhões de dólares em remessas financeiras, segundo dados do Banco Central (BC).
Com a forte valorização de moedas estrangeiras, como o dólar por exemplo, frente ao Real, essas transferências do exterior para cá têm sido ainda mais vantajosas. Para se ter uma ideia, só no acumulado do ano a moeda americana registrou uma alta de 17,5%, frente à divisa brasileira.
“Com uma fonte de renda fixa na moeda estrangeira, a aquisição de meios de investimento no Brasil fica facilitada”, essa é a avaliação feita pelo brasileiro AAC, que vive na Bélgica desde 2020. Lá, ele recebe em euro, que vale inclusive mais que o dólar atualmente. Segundo a plataforma Infomoney, na cotação atual, 1 dólar equivale a R$5,58, enquanto 1 euro, a R$7,00.
Ele conta que saiu do Brasil em busca de uma oportunidade de aumentar seu patrimônio. “Percebi durante a pandemia que era difícil confiar em uma única fonte de renda. Então, pra mim investir é uma forma de poupança e um fundo de garantia”, diz AAC, que tem apenas 24 anos e já tem diversos investimentos conquistados com o fruto do seu trabalho no exterior.
Na Bélgica, ele investe em criptomoedas e na bolsa de valores, mas a maioria de seus investimentos ainda estão no Brasil, especialmente em imóveis. Há um ano, ele investiu em três lotes no Reserva do Bosque, um bairro planejado que foi projetado e está sendo construído pela empresa Localiza Urbanismo, no município goiano de Abadia de Goiás. O pai dele, que também foi trabalhar na Bélgica, adquiriu outros três.
Parcialmente entregue e já habitado, o empreendimento está lançando uma nova etapa, o Jardim do Lago, e quando estiver 100% concluído o bairro deverá abrigar cerca de 3.600 famílias. Ao falar sobre o investimento feito nos lotes em Abadia de Goiás, ele conta que a ideia é usar os terrenos para construção de imóveis comerciais. “A ideia é construir galpões para aluguel”, revela.
Apesar da distância geográfica, Álvaro explica que foi muito importante ficar atento ao movimento do mercado imobiliário no Brasil antes de fazer um investimento a longo prazo, aproveitando o maior poder de compra da moeda estrangeira. “O preço que eu pago na parcela dos meus lotes é o que eu gasto numa ida a um restaurante aqui da Bélgica, então não pesa para mim. É um modo orgânico de investir e de aumentar meu patrimônio, muito melhor do que deixar o dinheiro parado”, esclarece o empresário.
Jacqueline Vieira, corretora de imóveis do Reserva do Bosque, trabalha com o público de investidores brasileiros que moram no exterior desde 2021, há 3 anos. Desde então, tem uma média de 10 clientes com esse perfil. “A realização desse tipo de investimento melhora a visibilidade do mercado imobiliário brasileiro para o exterior, além de estimular a construção civil, o turismo, o comércio e, claro, o interesse pelo investimento direto”, diz a corretora.
Outro cliente dela é o Cláudio Fonseca, de 40 anos, brasileiro. Atualmente, ele mora na cidade de San Luis, no estado de Missouri dos Estados Unidos, e trabalha como gerente de contas de uma rede de hotelaria. É também consultor financeiro individual. Ele se mudou para o país norte-americano aos 15 anos, nos anos 2000. Retornou para Goiânia em 2008 para estudar e aqui ficou até 2013. Em 2014 retornou para a América do Norte e lá está até hoje.
Quando retornou para Goiânia, acompanhou o boom imobiliário e não se esqueceu disso. Ele decidiu investir no mercado imobiliário há dois anos, devido à valorização do Dólar frente ao Real e ao potencial do mercado imobiliário. Ele apostou na cidade de Abadia de Goiânia, região metropolitana de Goiânia.
Sozinho, Cláudio comprou nove lotes no Reserva do Bosque. Mas no total, sua família investiu em 13, contando com a esposa, o cunhado e a sogra – todos vivem lá. A família tem ambição de dar prosseguimento ao investimento construindo imóveis residenciais e comerciais também.
Danilo Tavares, diretor da Localiza Urbanismo, explica que o número de investidores no empreendimento vindos de fora tem crescido gradualmente, além do empresário Álvaro Arantes que vive na Bélgica, é significativo a quantidade de compradores que moram em países como Estados Unidos, Portugal e Espanha. “A maioria desse tipo de investidores são brasileiros que moram no exterior, e eles aproveitam não apenas o diferencial da moeda estrangeira, mas também a valorização do bairro. Desde o lançamento da primeira etapa em 2018, o lote na região valorizou muito”, ressalta Danilo.
Segundo ele, o bairro planejado idealizado pela Localiza Urbanismo tem uma perspectiva de valorização alta devido a ligação urbana que o município tem com a região metropolitana de Goiânia. Vizinha às GOs 060 e 040, a cidade tem nessas duas rodovias dois corredores viários que dão acesso fácil à capital e à Aparecida de Goiânia, as duas maiores cidades do estado. “O aprimoramento da infraestrutura local, trazido pelo Reserva do Bosque, viabilizou a primeira via de acesso interurbana para interligar as duas rodovias estaduais por via urbana. Também trouxemos o primeiro parque urbano de Abadia e, em breve, vamos inaugurar também o primeiro posto policial da cidade no bairro planejado, em parceria com a prefeitura do município”, destaca o diretor da Localiza Urbanismo.
Por: Eduarda Leite