Esportes

Leila quer quatro reforços, patrocínio fechado e descarta Gabigol: “Palmeiras não é trampolim”

Presidente detalha planos caso vença eleição no domingo, quer levar time feminino para Barueri, diz que demitiria candidato da oposição e avisa que prepara "last dance"

Leila Pereira defende a manutenção de seu trabalho para ser reeleita no Palmeiras. Candidata da situação no pleito marcado para domingo, a presidente explica rejeição a “estrelas do futebol”, quer até quatro contratações para 2025, patrocínios fechados e conta bastidores da conversa até a desistência de Gabigol.

– Achei que ficou inviável a proposta. A sensação que eu tinha é que o atleta não queria ir pro Palmeiras. Para negociar, o atleta tem que querer vir, tá? Não vai usar o Palmeiras de trampolim para conseguir negociações melhores – disse a presidente.

Leila Pereira, candidata à reeleição no Palmeiras, durante entrevista — Foto: Camila Alves

Leila Pereira, candidata à reeleição no Palmeiras, durante entrevista — Foto: Camila Alves

Em entrevista ao ge, a candidata da chapa “Palmeiras Campeão” respondeu sobre planos para o departamento de futebol – admitindo poucas saídas -, marketing, finanças, esportes olímpicos, Avanti e Allianz Parque.

Leila rebateu críticas da oposição sobre abuso de poder na campanha, descarta demissões no marketing – alvo de críticas sobre o diretor Everaldo Coelho – e revelou mudanças projetadas, como a climatização das piscinas do clube e a vinda do futebol feminino para Barueri, com estádio e centro de treinamento – atualmente localizados em Jundiaí e Vinhedo.

– Quando digo estrela, são atletas que o foco deles não é naquele dia a dia. Não quero jogador que tenha uma vida paralela, que viva em festas, isso não combina com o atleta, sabe? Esse negócio que vende camisa é conversa fiada. Pode vender camisa até no primeiro, segundo mês. Depois, se o time não conquista nada, acabou a venda – afirma.

Chapa “Palmeiras Campeão” – nº 100

  • Presidente: Leila Pereira
  • 1º vice: Maria Teresa Bellangero
  • 2º vice: Paulo Buosi
  • 3º vice: Everaldo Coelho
  • 4º vice: Márcio Martin

ge publicou na quarta-feira a entrevista com Savério Orlandi, da chapa “Palmeiras Minha Vida É Você”. Os dois disputam os votos dos sócios e sócias na assembleia geral, que acontecerá das 9h às 17h de domingo. Quem vencer, comandará o Verdão até o fim de 2027.

Confira abaixo a entrevista com Leila Pereira:

ge: Qual seria a principal novidade que você gostaria de trazer para esse próximo triênio, caso seja reeleita?

Leila: – Nossa trajetória foi muito vitoriosa, e isso se deu em virtude da continuidade do trabalho, dos atletas e eu os mantive com nossa comissão técnica. Esse é o segredo do nosso sucesso. Em todas as janelas a gente sempre tenta melhorar nosso elenco. Nosso departamento de scout faz o trabalho de busca daquilo que o Abel necessita e é isso que vamos continuar fazendo.

ge: Seu intuito é ter em 2025 praticamente o mesmo elenco que está hoje?

Leila: – O mesmo, mas com mais três ou quatro atletas.

ge: É possível esperar saídas?

Leila: – Sim, pode ser que sim. Desde que esteja dentro do planejamento do nosso treinador, uma proposta interessante para o atleta e propostas interessantes para o Palmeiras. Mas se sair alguém, é muito pouco. Eu estou precisando contratar. Fortalecer ainda mais o nosso elenco.

ge: Um dos principais nomes nesse cenário foi o Gabigol. Sei que houve uma conversa e terminou não avançando. Mas agora, que ele anunciou não ficar mais no Flamengo, por que vocês não foram atrás novamente?

Leila: – Não fomos atrás dele novamente. Nosso diretor de futebol conversou bastante com o empresário, fizemos propostas e a coisa não andou bem. Eram valores muito fora da realidade do Palmeiras. Nós seguimos sempre uma linha, temos atletas fantásticos lutando conosco há tanto tempo, costumo dizer que a grande estrela do Palmeiras é o elenco, e achei que ficou inviável a proposta do atleta. Não caberia pro Palmeiras.

Gabigol vai ao gramado do Maracanã após afastamento — Foto: Alexandre Durão

Gabigol vai ao gramado do Maracanã após afastamento — Foto: Alexandre Durão

– Eu tive a impressão que poderia ser, que já aconteceu outras vezes aqui, que essa negociação com o Palmeiras servisse de leilão para outros clubes e o Palmeiras não se presta a isso.

– Se o atleta quer vir, a gente senta e resolve com rapidez. Eu não gosto de novela para contratar, então eu terminei o capítulo dessas novelas. Nós gostaríamos sim de ter tido a oportunidade de trabalhar com esse jogador, que é um grande jogador. Mas as condições financeiras, a forma que foi se encaminhando a negociação, eu não gostei e pedi pra encerrar.

ge: Você chegou a conversar com ele diretamente em algum momento?

Leila: – Não.

ge: Acha que, da parte dele ou dos empresários, de repente poderiam ter lidado com a situação de uma forma diferente ou melhor?

Leila: – Não, eu acho que deveria ter sido feita a negociação, mas com mais rapidez. Entendi que estava se prolongando demais. E aí a sensação que eu tinha é que o atleta não queria ir pro Palmeiras. A sensação que eu tinha era que o empresário estava utilizando o Palmeiras para conseguir coisas melhores para o atleta. E eu não vou me prestar a isso. Então pedi para encerrar.

Leila Pereira, candidata à reeleição no Palmeiras, durante entrevista — Foto: Camila Alves

Leila Pereira, candidata à reeleição no Palmeiras, durante entrevista — Foto: Camila Alves

ge: Qual foi o momento em que bateu essa sensação de “Isso não vai pra frente, é melhor parar”?

Leila: – Foi um mês ou dois depois da data em si, não lembro. Mas houve uma negociação, eu queria assinar um pré-contrato, mas dentro dos termos viáveis para o Palmeiras. E aí o empresário dizia que não naquele momento, que teria que esperar mais um pouco, então tudo tem um limite.

– E aí eu pedi pra encerrar, porque essas negociações sempre começam com o meu diretor de futebol e terminam comigo. E eu sou muito objetiva. Se vejo, sinto, por isso que digo que é feeling, porque feeling você usa nos seus negócios, você tem que saber a hora de parar.

– Eu senti que aquele era o momento, eu não esperaria mais, não cabe isso no Palmeiras. As pessoas para negociar com o Palmeiras, o atleta tem que querer vir. Não vai usar o Palmeiras de trampolim para conseguir negociações melhores. Nós temos um limite, eu chego até meu limite e se a pessoa não quer vir, não tem problema. Então, eu pedi pra encerrar.

ge: Às vezes você fala que não iria atrás de medalhões ou de grandes estrelas…

Leila: – Não, eu não acredito nisso (nesse formato de contratação).

ge: Mas ao mesmo tempo talvez Gabigol ou Gabriel Jesus fossem estrelas nesse sentido. Qual é então esse limite entre o que seria um jogador estrela e o que não seria?

Leila: – Eu não acho o Gabriel Jesus… É que as pessoas confundem. Eu não quero atletas midiáticos. Eu gosto de atletas que são profissionais, que trabalham de uma forma focada. Gabriel Jesus não é um midiático. É um grande jogador e eu gostaria muito que ele voltasse. Tanto que tentamos, e o clube falou que não negociaria, então encerramos qualquer tipo de sondagem.

– Quando eu digo estrela, são atletas que o foco deles não é naquele dia a dia. Porque a vida de jogador é estressante, tem que ser metódico, disciplinado. Eu não quero um jogador que tenha uma vida paralela, que viva em festas, isso não combina com o atleta, sabe?

– Vai a festa depois tem que aposentar, porque aposenta tão jovem, jogador com 38, 39 anos, está em fim de carreira. Então, enquanto tem energia, enquanto quer ser um grande atleta, trazendo resultado, é esse atleta que eu quero. Disciplinado, que pense exclusivamente na profissão, na vida dele como atleta.

Leila Pereira, candidata à reeleição no Palmeiras, durante entrevista — Foto: Camila Alves

Leila Pereira, candidata à reeleição no Palmeiras, durante entrevista — Foto: Camila Alves

ge: Quando você fala então de estrela é no sentido de não ser um jogador que vai ser “contratado por marketing”

Leila: – Exatamente, claro. Marketing não ganha campeonato. Esse negócio que vende camisa também é conversa fiada. Pode vender camisa até no primeiro, segundo mês. Depois, se o time não conquista absolutamente nada, acabou a venda das camisas.

– O que faz um time vender camisa, encher estádios, são os resultados, e resultados se faz com atletas disciplinados, com vontade de vencer, não atletas já encostados, com a vida estabelecida. Então eu não quero. Quero um atleta que queira crescer, que tenha objetivos, sabe?

ge: O Palmeiras passou por um certo processo de evolução dentro do futebol feminino, mas o que vocês pretendem fazer para dar esse próximo passo de avanço para 2025?

Leila: – Precisamos e lutamos sempre por mais investimentos, porque só com investimento que consigo melhorar nosso elenco, instalações onde estão as meninas. E o público tem que também abraçar o futebol feminino. O Palmeiras jogou no Allianz Parque com portões abertos, nós colocamos 3 mil pessoas somente.

– A final Palmeiras e Corinthians do Campeonato Paulista, por questão de segurança, tiraram o jogo da nossa casa e colocaram em Campinas, em virtude daquela emboscada com a torcida organizada, que o Palmeiras não tem nada com isso. Eu lutei demais para a gente mudar o horário, a data, e não consegui.

– Teríamos que olhar com melhores olhos para o nosso futebol feminino, não só a presidente do Palmeiras, todos nós, a Federação, a CBF, a televisão, para ajudar, para que a população veja com mais proximidade. Mas vamos continuar na luta.

Leila Pereira, candidata à reeleição no Palmeiras, durante entrevista — Foto: Camila Alves

Leila Pereira, candidata à reeleição no Palmeiras, durante entrevista — Foto: Camila Alves

ge: Falasse sobre investimento e final do ano vai ser o fim do contrato com a patrocinadora, a Esporte da Sorte. Qual o plano nesse processo de transição para 2025?

Leila: – Aquele patrocinador que estivermos negociando com o futebol masculino vai patrocinar também o futebol feminino, então uma parte desse valor vai ser para o feminino.

ge: Vão existir valores específicos destinados ao feminino ou é um contrato geral?

Leila: – Não, é um contrato geral, para o futebol profissional do Palmeiras. Então o futebol feminino está dentro desse contrato e nós temos os orçamentos aprovados anualmente para o futebol feminino e a gente tenta sempre melhorar a situação.

ge: Lembro, inclusive, que aumentou para esse ano. Você tem noção de quanto seria uma média desse orçamento para o ano que vem?

Leila: – Não vou te falar em valores, mas são valores parecidos com os deste ano (R$ 18,5 milhões de patrocínio).

ge: Dentro dessa questão sobre a mulher, você assinou o Pacto Ninguém Se Cala com o Ministério Público. Como isso vai funcionar no Palmeiras?

Leila: – Estamos marcando uma reunião com as promotoras para que nós, nosso marketing, comunicação e até eu, vou participar diretamente disso, sendo a única mulher presidente de um clube no Brasil, na América do Sul, com a força da nossa marca, para que dê força para esse projeto tão bacana.

– Vamos fazer grupos de trabalho para que a gente faça projetos juntos, para divulgar esse pacto de combate à violência, assédio. Vou sentar com as promotoras e falei que ninguém melhor do que elas para virem expor o que elas pensam, o que nós podemos fazer em conjunto, porque podem passar ideias interessantes. Vou mergulhar de corpo e alma nesse projeto. Como é muito recente, ainda não elaboramos um plano, tá? Mas isso já está sendo feito.

ge: Falando de outros esportes, como basquete, vôlei, futsal, o Palmeiras tem um histórico, mas hoje trabalha com categoria de base. Existe um plano de reativar essas equipes profissionais?

Leila: – O foco do Palmeiras, apesar de ser uma sociedade esportiva, é o futebol. Temos diversos esportes, mas para que o associado participe. O espaço físico é muito pequeno. Hoje, temos cerca de 10 mil sócios no Palmeiras. Eu tenho problema de espaço, então a curto prazo, não temos esse plano de fomentar outras modalidades de esportes profissionais. Vamos continuar trabalhando como hoje, fomentando os esportes entre os nossos associados e muito forte pro futebol.

ge: Sobre esse investimento no futebol então, existe algum plano do que gostariam de fazer de estrutura para o departamento?

Leila: – Nós finalizamos uma grande reforma nas instalações que já existiam na base. Então, o que temos no profissional, basicamente, temos para os nossos meninos da base.

– Aqui na Academia de Futebol, onde fica o profissional, estamos sempre colocando novidades. Estamos fazendo uma reforma para que tenha mais possibilidades de áreas de recuperação para nossos atletas, que o pessoal fala é um recovery, e vai ficar muito bacana.

– Já temos o nosso estádio, né? As minhas empresas têm a concessão de Barueri e estamos fazendo uma grande reforma, vai ficar extremamente moderno e eu gostaria de trazê-las. Elas ficariam em um centro de treinamento em Barueri e jogariam gratuitamente, que é óbvio que eu não vou cobrar para o Palmeiras jogar. Isso é um projeto que tenho para o meu próximo mandato, se eu for reeleita.

Marcio Martin, Maria Teresa Bellangero, Leila Pereira, Paulo Buosi e Everaldo Coelho — Foto: Thiago Ferri

Marcio Martin, Maria Teresa Bellangero, Leila Pereira, Paulo Buosi e Everaldo Coelho — Foto: Thiago Ferri

ge: Esse centro de treinamento é um CT que já existe?

Leila: – Já existe. Eu vou negociar com a Prefeitura de Barueri. Gostaria muito que as meninas estivessem aqui mais próximas da gente, com esse estádio extremamente moderno que nós vamos ter em Barueri. E aí seria um grande avanço no nosso futebol feminino.

ge: Sobre questões relacionadas à torcida, o Avanti hoje em dia é um programa consolidado, mas existem projetos ou planos de melhorias que você pensa em fazer?

Leila: – Temos 202 mil sócios torcedores adimplentes. É disparado o maior do Brasil. E isso conseguimos em nossa gestão. A gente continua sempre com ideias, que eu não quero adiantar, não é?

– Mas o Palmeiras Pay é um projeto da nossa gestão, do meu diretor de marketing (Everaldo Coelho), que o candidato da oposição diz que tenho que profissionalizar. Meu marketing é profissionalizado, tenho uma pessoa extremamente competente que é vice-presidente na minha chapa. Ele que elaborou, procurou, criou esse Palmeiras Pay. É muito lucrativo.

ge: Te pergunto, inclusive, isso. Porque é uma área que recebe mais críticas. Queria ouvir sua avaliação sobre esse trabalho do marketing e se você pensa em fazer alguma mudança.

Leila: – Zero. Pelo contrário, estou extremamente feliz. São eles que estão negociando novos patrocinadores. Em breve teremos excelentes notícias. A Crefisa e a FAM não continuam. Em dezembro termina o contrato e eles que estão negociando a camisa, todas as propriedades.

– São pessoas que fico sossegada, porque no futebol existem departamentos que são muito sensíveis. É o de futebol, onde há negociações milionárias, envolvendo comissões enormes, e no marketing, onde se envolve valores milionários e algumas comissões. Aqui não se paga comissão. Então você tem que tomar muito cuidado com as pessoas que coloca. Porque às vezes as pessoas não têm aquele caráter que você espera, não é? E comigo tem que ser transparente e correto.

ge: Você falou sobre o patrocínio. O máster já está encaminhado, mas outros espaços também vão ser negociados. Dá para esperar que até o fim deste ano esses espaços estejam fechados?

Leila: – Eu espero que sim. Dei um valor que eu espero na camisa do Palmeiras. Então, o nosso departamento de marketing tem que bater essa meta, sabe? Não vou falar o valor, mas está sendo muito bem encaminhado.

ge: Já está em uma situação mais avançada para esses outros espaços?

Leila: – Não sei se está avançado. Gosto de dizer quando está assinado. Não tem nada assinado ainda. É muita negociação. Mas temos tempo ainda, porque o contrato vence em dezembro, mas está bem encaminhado.

– O Palmeiras tem uma camisa muito valorizada. Também queremos parceiros que consigam honrar compromissos. Não quero assinar com um parceiro que daqui a seis, sete meses… “olha, aconteceu um problema”. Não quero. Por isso que a gente trata com muito cuidado.

Leila Pereira, presidente do Palmeiras, com a medalha do Paulistão Feminino — Foto: Marcos Ribolli

Leila Pereira, presidente do Palmeiras, com a medalha do Paulistão Feminino — Foto: Marcos Ribolli

ge: Existem trabalhos mais voltados ao sócio torcedor, mas com o aumento nos valores dos ingressos, existe algum plano de aproximação para o torcedor que de repente não tem condição de ser associado e gostaria de estar próximo do Palmeiras?

Leila: – O Palmeiras jogou o futebol feminino gratuitamente. O torcedor que não tem condição, poderia ir. Joga o sub-17, sub-20. O que não dá é querer ver Palmeiras e Botafogo com ingressos populares. E os ingressos do Palmeiras são populares. Se você é sócio torcedor ouro, paga R$ 150. Joga três, quatro vezes, divide isso por quatro. Não é nem R$ 50. Claro que é popular.

– Tudo bem, não tem dinheiro para pagar um plano Avanti, vai ver o feminino, vai ver a nossa base maravilhosa, é o Palmeiras que está jogando. As pessoas têm que entender que o futebol é um esporte popular, mas para fazer um time vitorioso, protagonista, o investimento não é nada popular.

– São milhões de dólares, milhões de euros. Sem dinheiro você não faz um time vencedor. E às vezes até com investimento você não consegue. Tem que separar um pouco as coisas. Futebol é popular porque são milhões de apaixonados, mas para manter um time vitorioso, não tem nada de popular. É caríssimo. E o dinheiro tem que sair de algum lugar, não é?

ge: Talvez o mais próximo disso seria a questão do espaço do Gol Norte? Na última entrevista vocês ainda não tinham um plano traçado.

Leila: – Não tem ainda, mas a gente vai traçar para o início do próximo ano. Vai dar para resolver (a logística de entrada no local), para o próximo ano dá para resolver sim, e realmente ali os valores vão ser menores porque, inclusive, vão ser pessoas em pé.

ge: Ao longo das últimas semanas, uma das críticas da oposição é de que há abuso de poder da tua parte na campanha, como você reage a isso e como vê esses comentários?

Leila: – Não existe abuso de poder. Isso é porque o candidato da oposição não tem o que falar da atual gestão. Temos uma presidente que não depende do clube para sobreviver, ao contrário desse candidato da oposição, que ele diz que é advogado, mas não sei onde ele trabalha, onde é o escritório, de que ele vive.

– Todo mundo sabe que sou presidente de um banco, reitora de um centro universitário, eu não dependo do futebol. Por que eles dizem que é abuso de poder? Porque nós fazemos uma campanha extremamente de alto nível.

– Se um candidato não tem R$ 50 mil para pagar uma alocação de um stand, que esse valor não foi determinado por mim, foi determinado pelo presidente do Conselho Deliberativo, na presença das duas chapas. Se uma pessoa não tem esse valor para concorrer à presidência de um clube com uma receita que esse ano vai bater mais de R$ 1 bilhão, essa pessoa não tem condição de ser presidente do Palmeiras. Aí você vai dizer, “a pessoa que não tem condição financeira não pode ser presidente de um clube desse tamanho?”. Não, não pode.

– Quero saber o que a pessoa construiu na vida, qual a experiência tem para administrar qualquer coisa. Quem tem que estar aqui não é somente quem ama o Palmeiras, tem que ser um administrador que tenha construído alguma coisa, que não dependa disso aqui para sobreviver. Porque esse é o problema do futebol. As pessoas vêm para se beneficiar do clube.

– O que esse candidato da oposição fez pelo Palmeiras? Ele está há 23 anos trocando ideias e nunca fez absolutamente nada. Essa Academia não existia e se chama Centro Crefisa porque nós fizemos. As piscinas que prometi reformar, reformei, com meu dinheiro.

– Tenho um avião, que os nossos atletas viajam, o avião não joga, tudo bem, não joga, mas ajuda os atletas que jogam. Aí a pessoa vai dizer, “nossa Leila, você é prepotente.” Gente, não sou prepotente. Eu falo a verdade. “Ai, Leila, você ficou famosa.” Não sou atriz, não preciso ficar famosa. Não quero ficar famosa. Estou aqui para fazer o Palmeiras campeão.

– Vão dizer, “ah Leila, você fez porque você tem recursos.” Graças a Deus. O que não posso é ter uma pessoa que entre no Palmeiras para se beneficiar do clube, sabe? E isso nós não vamos admitir. Chega!

ge: Sobre o avião, há algumas semanas surgiram críticas depois de ter sido emprestado para o Vasco e o Grêmio fazer algumas viagens.

Leila: – Sim, sim. O Vasco, um tempo atrás, usou umas três vezes. Pediu para o meu marido, meu marido emprestou.

– O candidato à oposição diz que uso para fazer propaganda da minha companhia aérea. Engraçado que quando fretavam aviões, pagávamos e estava lá escrito “Gol”. Ninguém reclamava. Nunca saí fazendo propaganda, “voem nas minhas empresas”. Não precisamos disso. Esse avião foi para beneficiar o Palmeiras. Se não houvesse o Palmeiras, eu não teria comprado.

– O Grêmio, eu emprestei, devido a toda dificuldade que o clube passou por causa da tragédia no Rio Grande do Sul. O Alberto Guerra queria fretar minha aeronave, e eu não podia, porque não tinha todas as autorizações, mas mesmo se pudesse, eu não cobraria. O Grêmio vai viajar com a minha aeronave até o final do Brasileiro a custo zero

– É muito injusto o que esse candidato da oposição diz porque ele nunca contribuiu em absolutamente nada. E se ele não tem recursos financeiros para isso, ele que arrume alguém que tenha. Nossa, mas seu projeto é maravilhoso. Você não arruma ninguém que ponha R$ 20? Então como é que pode entregar o clube a uma pessoa desse nível?

– Ele diz que eu acho que o Palmeiras me pertence. A minha maior prova de que o Palmeiras não me pertence, é que se fosse meu ele seria demitido. Seria demitido por incapacidade. Ele é um incompetente. Na época que foi diretor de futebol, o que ele fez? Nada. Ele preparou o Palmeiras para cair em 2012.

– Tenho certeza que vão dizer, “olha como a Leila é prepotente.” A Leila não é prepotente. Eu falo a verdade. E no futebol, as pessoas têm uma dificuldade incrível de ouvir a verdade.

e: Em uma entrevista ao Estadão, chegaste a dizer que se a oposição vencer, o Palmeiras iria voltar ao que era antes e não iria ganhar mais nada. Por que você acha isso?

Leila: – A maior prova é que a oposição são pessoas que já estiveram no poder… Esse diretor de futebol era subordinado a um vice-presidente de futebol, que na época, isso está na imprensa, encontrou-se dinheiro de empresário depositado na conta desse vice-presidente, a quem o candidato era vinculado. Ele não pediu uma sindicância? Não pediu uma investigação?

(Nota da redação: o episódio citado por Leila ocorreu em abril 2008, quando o empresário Marcelo Ortiz depositou R$ 200 mil na conta de Gilberto Cipullo, vice-presidente de futebol do Verdão na época; Savério Orlandi era diretor de futebol na gestão. Em janeiro de 2009, Cipullo afirmou que o dinheiro serviu para quitar uma dívida do clube com ele.)

– Então, se você perde essa linha que temos seguido, de profissionalismo, decência, de pessoas que não precisam do futebol para sobreviver, se perde essa linha e volta ao que era o passado, é só ver o que era no passado. Quando digo isso, não estou desmerecendo a história do nosso clube, estou contando a história. Tivemos momentos espetaculares, mas tivemos anos muito difíceis.

– Aí que o pessoal fala, “o Palmeiras existe antes de 2015″. Claro que o Palmeiras existe antes de 2015. Estou relembrando o que vivemos, que não queremos viver mais. Sempre que alguém dessa época surgir das sombras, parece fantasma, não é? Não pode deixar aparecer de jeito nenhum.

– Infelizmente nós não podemos alijá-los, porque são conselheiros vitalícios, que eu não tenho dúvida que se eu não fosse vitalício, de repente nem seriam reeleitos conselheiros.

Leila Pereira apresenta projeto em lançamento de candidatura à reeleição no Palmeiras — Foto: Thiago Ferri

Leila Pereira apresenta projeto em lançamento de candidatura à reeleição no Palmeiras — Foto: Thiago Ferri

ge: Estás completando o terceiro ano de mandato e o processo é feito de erros e acertos. Olhando para trás, tem algo que gostaria de ter feito diferente?

Leila: – É muito difícil eu falar dos meus erros porque na vida é muito difícil às vezes algumas decisões que você tem que tomar. Às vezes tem dois caminhos, você tem que escolher e às vezes, aquele não é o melhor caminho. O que faço quando acontece? Dou um passo atrás. Não tenho problema nenhum em reconhecer que errei, que é óbvio que não vou te falar onde eu errei (risos), mas tento acertar.

– Mas erramos muito pouco. Foram sete títulos em dois anos e meio, ainda estamos lutando pelo brasileiro, que vamos lutar até o fim, temos certeza que podemos conquistar, mas é um jogo, não vou ganhar sempre, não é? Mas se não der certo, temos a certeza que fizemos o nosso melhor.

ge: Mas existe uma coisa que você pensa, para os próximos três anos, “isso aqui eu quero fazer diferente”?

Leila: – Não, eu vou seguir esse mesmo trajeto, sabe? Sempre atenta ao mercado, tentando melhorar, fortalecer nosso elenco. Os profissionais que estão aqui, o que eu gostaria é continuar com todos. Continuar colaborando com nosso clube social. A gente fala muito de futebol, mas sou presidente do clube social. Quero deixar, assim que eu sair do Palmeiras, nosso clube social um brinco.

ge: Que tipo de reforma vocês têm programado?

Leila: – As piscinas, fiz todas, sem custo pro associado. Agora quero climatizar essas piscinas, vão ficar quentinhas. Também a custo zero. A Leila que vai pagar. Mas vou pagar se for reeleita, claro. Porque esse candidato da oposição é tão cara de pau que é bem capaz, se eu não vencer, de falar, “olha, presidente, você falou que ia pagar…”, porque o pessoal não tem noção de absolutamente nada.

– Tem um prédio anexo a essas piscinas que é um local privilegiadíssimo, mas está muito feio, está horrível. Vou fazer uma reforma nesse espaço, mas aí o Palmeiras tem recurso pra isso. Já fizemos bastante coisa, mas falta essa parte. Sauna, só tem uma, quero fazer duas, melhorar nossos restaurantes. Tem várias propostas, salas de aula, restaurantes. Quero perguntar ao associado o que ele gostaria que nós fizéssemos ali. Não quero que parta da cabeça da presidente.

ge: E para finalizar, por que você acha que deve ser eleita presidente no dia 24?

Leila:– Porque nossos primeiros três anos foram extremamente vitoriosos. Eu acredito muito em ciclos. Como digo que o ciclo da Crefisa acaba em dezembro, não acredito que o ciclo da presidente Leila Pereira tenha terminado nesse primeiro mandato. O meu ciclo vai terminar se eu for reeleita pro segundo mandato, aí a presidente não volta mais. Eu fico ao lado dos nossos conselheiros, lutando sempre pelo melhor para o Palmeiras, mas aí eu vou te falar… é my last dance.

Por: Por Camila Alves e Thiago Ferri — São Paulo

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