Política

Lançamento de força-tarefa inter-religiosa reunirá, na próxima segunda-feira (22), líderes religiosos de diferentes segmentos pelo enfrentamento às violências contra mulheres e meninas

Na próxima segunda-feira, 22 de janeiro, um dia após a celebração dos 2 anos da promulgação da lei municipal de combate à intolerância religiosa, de autoria de Aava Santiago (PSDB), a vereadora lançará, a partir das 9 horas, na Câmara Municipal de Goiânia, a ação ‘Força-tarefa inter-religiosa pelo Enfrentamento às Violências contra Mulheres e Meninas. O objetivo da proposta é reunir líderes de credos diversos, a fim de que se comprometam com o enfrentamento às violências contra mulheres e meninas, nas suas respectivas comunidades.

Os líderes convidados representam diversas frentes de fé: evangélicos, católicos, candomblecistas, umbandistas, budistas, entre outros. Tanto a lei municipal já citada quanto a Lei Federal nº 11.635/2007, que institui o Dia Nacional Contra a Intolerância Religiosa, propõem um debate acerca da realidade persecutória a que os credos estão sujeitos no Brasil, principalmente aqueles de matrizes africanas e não cristãos.

Agora, o lançamento da força-tarefa propõe uma discussão sobre o problema do silenciamento de líderes e comunidades a respeito das mazelas derivadas das violências contra as mulheres e meninas no Brasil. A dificuldade de encerrar o ciclo da violência e/ou denunciar os crimes às autoridades se explica pelo peso emocional, psicológico e financeiro sobre as mulheres.

A situação se agrava ainda mais quando a vítima não encontra rede de apoio entre a família e a comunidade religiosa. A mulher acaba se sentindo culpada pela própria violência que sofre ao ser aconselhada pelas pessoas que ela mais confia. É quando vítima encontra na própria comunidade religiosa uma resistência para lograr a sua busca por justiça e paz.

Falta de apoio

“Frases como: ‘Se você denunciá-lo, vai destruir a sua família e a vida do seu esposo’. ‘Se você tem fé em Deus, continue orando que seu esposo vai parar de te bater’; ‘Se o seu marido te maltrata, é porque você não está sendo uma mulher sábia’. Essas mensagens são comumente ditas dentro de igrejas e templos, e quem deveria incentivar a denúncia e oferecer apoio para vítimas de violência acaba jogando a sujeira para debaixo do tapete”, explica Aava Santiago.

Há também os crimes de violência sexual praticados por homens que são líderes em comunidades de fé. Recentemente, o pastor Davi Passamani, até então líder de uma notória igreja evangélica, recebeu uma segunda acusação de violência de gênero, desta vez, por importunação sexual. Percebe-se diante desse caso, uma ausência de manifestação pública da comunidade religiosa em repudiar o crime, diante da realidade em que, apenas em 2021, 35.196 crianças e adolescentes foram vítimas de violência sexual (Ministério da Saúde). E o número estimado de casos de estupro no Brasil chega a 822 mil a cada ano, o que equivale a dois por minuto (IPEA).

Portanto, na ocasião do lançamento da força-tarefa inter-religiosa pelo enfrentamento às violências contra mulheres e meninas, entrará no debate, também, o recente protocolo ‘Não é Não’, do Governo Federal, criado pela Lei 14.786/2023, cujo texto exclui, entre outros espaços, os religiosos. O protocolo estabelece condutas a serem tomadas em caso de atendimento e também prevenção à violência contra mulheres em espaços nos quais sejam vendidas bebidas alcoólicas, como casas noturnas, boates e casas de espetáculos musicais e locais fechados ou shows. Entretanto, muitas pessoas têm apontado a realidade de que ambientes religiosos também são locais onde espetáculos e festas são promovidos com frequência.

 

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