Na entrada de indústrias e de obras é comum encontrar placas com informações sobre a quantidade de dias sem registro de acidentes ou de afastamentos do trabalho por motivos de saúde. É uma medida relacionada à segurança do trabalho, normalmente adotada pelo Serviço Especializado em Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) ou pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) de empresas. Pela legislação brasileira, não existe obrigatoriedade na divulgação desse tipo de informação, mas é uma forma encontrada por gestores empresariais para proporcionar transparência, mostrar que são adotados padrões de excelência e conscientizar colaboradores para seguirem normas vigentes voltadas para saúde e segurança do trabalho (SST) e promoção da saúde (PS).
As ações desenvolvidas nessa área são cada vez mais necessárias, porque os números de acidentes e de mortes relacionadas ao ambiente de trabalho, além de doenças ocupacionais – sejam físicas ou mentais – cresceram após a pandemia da Covid-19. Isso fez acender um sinal de alerta nas áreas industrial e empresarial, porque colaborador afastado resulta em queda de produtividade e afeta a vida financeira de empresas.
Enquanto em 2020 foram registradas 446,9 mil notificações de acidentes de trabalho no Brasil, em 2022 o número saltou para 612,9 mil notificações, sendo 2,5 mil acidentes com óbito, segundo informações do Observatório de Segurança e Saúde – iniciativa SmartLab de Trabalho Decente, em colaboração com pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) no âmbito do projeto “Acidente de Trabalho: da Análise Sócio Técnica à Construção Social de Mudanças”.
De acordo com a pesquisa, no ano passado houve a concessão de 148,8 mil benefícios previdenciários/auxílios doença por causa de acidentes registrados na jornada profissional. Em Goiás, no mesmo período, foram 16.879 acidentes de trabalho notificados para população com vínculo de emprego regular, colocando o estado na 8ª colocação no ranking nacional, e 4.106 auxílios doença concedidos por conta de afastamentos do ambiente de trabalho.
O estudo do Observatório traz também dados do período de 2012 a 2022, desde quantidade de afastamentos, óbitos e concessões até lesões mais frequentes e setores econômicos com mais comunicações de acidentes. O objetivo da ferramenta é de melhor informar e subsidiar políticas públicas de prevenção de acidentes e doenças no trabalho, de modo que todas as ações, programas e iniciativas passem a ser orientadas por evidências, não apenas em nível nacional, mas principalmente em cada um dos 5.570 municípios brasileiros.
Segundo informações dos organizadores da pesquisa, a iniciativa pode facilitar o acesso a informações oriundas dos mais diversos bancos de dados e anuários governamentais, disponibilizando estatísticas e indicadores de forma integrada e sinérgica, o que facilita a pesquisa e a compreensão sobre o tema e, consequentemente, a rapidez do processo de tomada de decisão. Dessa forma, estima-se que os dados gerados informem o desenvolvimento de novas iniciativas e aumentem a eficiência de ações hoje existentes em órgãos governamentais, ONGs, instituições do setor privado e na academia, por meio da produção e disseminação de conhecimento científico.