Homens em condições análogas à escravidão são resgatados em Nova Glória
Uma operação da Polícia Federal de Anápolis e da Superintendência Regional do Trabalho em Goiás (SRTE-GO) resultou no resgate de oito homens que viviam em condições análogas à escravidão em uma fazenda de Nova Glória. A ação ocorreu entre os dias 8 e 10 de maio. O proprietário da fazenda foi preso e levado à sede da PF em Anápolis.
Segundo informações do auditor fiscal do trabalho Afonso Borges, a denúncia chegou à SRTE no sábado (6/5) através do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nova Glória. “Dada a gravidade extrema dos fatos, a operação foi considerada prioridade”, disse Borges ao jornal A Redação.
No local, os policiais e fiscais do trabalho encontraram os homens vivendo na mesma casa e sem as condições mínimas de acomodação ou higiene. Eles dormiam em colchões no chão e comiam, quando podiam, apenas arroz e feijão. Os alimentos fornecidos eram depois cobrados pelo empregador.
Na fazenda, os homens atuavam na extração do bambu e cumpriam jornadas extenuantes de trabalho. Os mais antigos estavam na propriedade há 10 meses e nunca receberam um salário. Ocasionalmente, eles eram pagos com pequenos vales de R$ 10 a R$ 50.
Conforme informa Borges, o empregador descontava tudo dos trabalhadores para justificar o não pagamento: comida, produtos de higiene, ferramentas, etc. “É um absurdo que homens em uma situação de precariedade extrema ainda estivessem endividados”, comenta o auditor.
Dessa forma, o empregador anotava em um caderno toda a “dívida” dos trabalhadores para que não pudessem ir embora. “Além disso, mesmo manifestando o desejo de partir, eles não tinham dinheiro para isso, já que nunca foram pagos”, completa Borges.
Cinco dos trabalhadores são de São Miguel do Guamá (PA); dois são de Anápolis e um é de Barra do Garças (MT). Todos os salários atrasados e encargos trabalhistas serão cobrados judicialmente do empregador. Enquanto isso, os trabalhadores, que já voltaram para suas cidades de origem, terão direito a três parcelas de seguro-desemprego no valor de um salário-mínimo.