Há vagas: contratações na construção civil estão em alta em Goiás
Pesquisa da consultoria Grupom revelou que em 2024 foram contratados mais de 35 mil profissionais. Expectativa para este ano é de que o ritmo se mantenha por causa do volume de obras previsto. Dificuldade de contratação tem levado empresas investir mais em tecnologia

De acordo com dados de estudo recente elaborado pela Grupom Consultoria Empresarial, o setor da construção civil contratou no Brasil 35.281 pessoas com carteira assinada no ano passado. Uma variação positiva de 85%, comparando 2024 com 2023, quando foram contratadas 19 mil pessoas.
Os dados, baseados no levantamento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego revelou ainda um saldo positivo que vem crescendo a cada ano. Entre as funções mais demandadas pelo setor estão as de faxineiro ou serviços gerais com um crescimento de 494,36% de 2023 para 2024; servente de obras com crescimento de 385,85% e pintor de obras com aumento de 43,98% no período.
O cenário se repete em Goiás que só em 2024 contratou 85% mais trabalhadores para atender a demanda de mais de 200 obras em andamento em Goiânia, segundo dados da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO). O início das obras lançadas em 2024 irá manter as contratações em alta em 2025.
“Assim como aconteceu em capitais mais antigas, agora é o momento da expansão de Goiânia, capital jovem que tem atraído grande migração em razão das oportunidades que oferece. Por isso, tantos lançamentos têm acontecido e, com isso, o aumento da necessidade de mão de obra”, diz Ricardo Maciel, engenheiro e sócio da Sim Incorporadora.
A Sim Incorporadora possui quatro obras ativas, sendo três em Goiás e uma no Mato Grosso, além de iniciar mais uma em Goiânia no próximo mês. O engenheiro e sócio da empresa, Ricardo Maciel, estima que precisará aumentar as vagas em 80% e revela que tem sido desafiador conseguir suprir a demanda, apesar dos benefícios e oportunidades que a construção civil oferece.
“No canteiro de obras é possível escalar, começar como servente e chegar até a mestre de obras. Além disso, os salários somados à produtividade variam de R$ 2500 até R$ 10 mil da equipe dos canteiros”, diz ele, que no momento tem vagas a serem preenchidas. Ele elenca, como motivos para a falta de interesse do jovem, que hoje valoriza outros tipos de trabalho, como motorista de aplicativo, o desinteresse em ter a carteira assinada para não perder benefícios do governo, entre outros.
Canteiro de oportunidades
Chegando aos 15 anos de mercado, a Yutá Incorporadora está com duas obras em andamento e deve começar, ainda neste ano, a obra de seu o mais recente lançamento, o Synergia Bueno. Com 230 colaboradores nas obras, o volume deve aumentar de 25 a 30%. De acordo com o engenheiro e diretor técnico da incorporadora, Emerson Soares de Andrade, uma obra da empresa chega a contar, em seu momento de pico (fase mais movimentada da obra), com cerca de 150 profissionais simultaneamente.
“Mas, ao longo de toda a obra, desde o seu começo até a entrega, podemos dizer que geramos em torno de 800 empregos”, afirma o diretor técnico. Emerson conta que tem percebido uma certa carência por mão de obra na construção civil desde 2021, que gradativamente essa dificuldade de contratação foi aumentando, especialmente em Goiânia, que segundo ele vive um momento de forte aquecimento no mercado imobiliário. “Já nos últimos quatro anos, eu diria que desde 2021, temos tido uma demanda maior por mão de obra, e em 2022 foi mais intensa ainda, e depois em 2023 aumentou, também em 2024, ou seja, foi gradativo, a cada ano, desde 2021, vem se tornando mais difícil a contratação de mão de obra”, destaca.
Estratégias para otimizar
Para contornar essa dificuldade de contratação de pessoal para os canteiros, o diretor técnico da Yutá explica que a empresa tem lançado mão de algumas estratégias, uma delas é o uso maior de tecnologias que otimizem as atividades e reduzam a dependência de mão de obra. “Sempre que possível, usamos recursos construtivos que demandam menos mão de obra. Por exemplo, quando for possível, utilizamos cartonado ao invés de alvenaria convencional. Buscamos também, sempre que possível, pré-fabricar algumas estruturas fora do canteiro, para que quando chegar no canteiro já esteja pronto para a instalação”, esclarece Emerson Andrade.
O diretor técnico da incorporadora também explica que uma boa gestão desses recursos humanos é fundamental também, de forma a fidelizar esse colaborador, para não perdê-lo para o mercado. “Ao concluir um empreendimento já buscamos direcionar essa mão de obra, já contratada, para outro, ou seja, tentamos não perdê-la. Outra ação que lançamos mão é tentar fidelizar os nossos colaboradores, sempre pagando uma remuneração adequada, mantendo um bom relacionamento com as equipes, ou seja, tentamos superar aquela mera relação financeira e abordar uma relação de proximidade com esses colaboradores. Buscamos também oferecer uma condição melhor de trabalho, de maneira que esse trabalhador consiga produzir mais e, consequentemente, eles terão salários melhores”, detalha o diretor técnico da Yutá.
Tecnologia
A dificuldade de contratação de mão de obra, embora esteja em momento sensível atualmente, não é uma novidade. Há vários anos, o setor enfrenta este desafio. Por isso, o investimento em tecnologias tem sido o caminho para se conseguir equilibrar a falta de mão de obra na construção civil no Brasil, uma vez que no País ela ainda é predominantemente artesanal. “É uma jornada, mas estamos avançando na adoção de novas tecnologias”, diz Hugo Alexandre Araújo, engenheiro da Sim Incorporadora.
Nas obras da incorporadora, ele cita a adoção das paredes internas de bloco de gesso vazado, que possuem eficiência acústica e térmica, e eliminam etapas como o reboco. “A mão de obra para este serviço [de construir as paredes internas] cai para 30%”, exemplifica.
Por: Anderson Costa