Escolha de ministros ligados ao PT gera receio de um novo ‘governo Dilma’
Lula segue abandonando promessa de frente ampla e nomeando pessoas de seu próprio partido para compor o núcleo do governo
O mercado financeiro vê com desconfiança e reage mal à escolha dos ministros de Estado já anunciados pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A avaliação é de que são nomes muito ligados ao PT, o que deixa de lado a chamada frente ampla, que ganhou força na campanha eleitoral.
Lula escolheu como ministro da Fazenda Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação de governos petistas. Ele vai comandar a política econômica central e será responsável pelas decisões fiscais do governo, além das políticas de geração de emprego, repasses para programas sociais e investimento na máquina pública.
O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, será o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. O nome dele agradou ao mercado, por ter bom diálogo com setores empresariais. Alckmin foi governador de São Paulo quatro vezes, deputado federal e prefeito. Durante novembro e dezembro deste ano, foi coordenador da equipe de transição.
Uma das grandes expectativas do mercado é em relação à reforma tributária. A grande quantidade de impostos e entraves burocráticos prejudica o crescimento da indústria, a abertura de empresas e a geração de empregos no país, segundo especialistas. Nas entrevistas recentes, Haddad tem dito que essa será a prioridade da próxima gestão do Executivo, mas não deu detalhes de como pretende tratar o tema.
Para o sociólogo Fábio Gomes, especialista em estratégia e reputação, até agora, Lula tem abandonado a bandeira da chamada frente ampla, que consiste em governar com a participação e apoio de diversos partidos e não apenas do PT. O especialista diz que a equipe está concentrada apenas no partido do próprio presidente.