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Empada do Alberto carrega sabor e tradição goiana há mais de 60 anos

No Mercado Central, na rua 3 do Centro de Goiânia, as tradições goianas se reúnem. E foi no Mercado que um dos maiores símbolos culinários do nosso estado se estabeleceu: a Empada do Alberto.
Fundada por Alberto Cavalcante de Sousa na década de 1960, hoje o negócio é gerido pelo filho do empresário, Amâncio Cavalcante. O carro-chefe da lanchonete não poderia ser outro, as empadas, que tiveram sua receita inspirada no famoso empadão goiano.
A história do estabelecimento, entretanto, começa bem antes, quando Alberto ainda era uma criança e já frequentava o Mercado com a mãe. “Aos 3 anos meu pai ia todo dia para o Mercado com a minha avó, dona Joana, que vendia verduras. Ele dormia ali, em meio às caixas e cresceu naquele ambiente, quando o Mercado ainda funcionava no local que hoje é o Parthenon Center”, conta Amâncio.
Seu Alberto, como ficou conhecido, foi crescendo e aos 6 anos de idade já começou a trabalhar, carregando as sacolas de compras das madames que frequentavam o local. Uma delas era a esposa do ex-governador de Goiás Pedro Ludovico Teixeira, dona Gercina Borges.
Como a família de Seu Alberto era muito conhecida pela família de Pedro Ludovico, logo foi cedida uma concessão de uma loja no Mercado e foi nesse espaço que a primeira lanchonete foi inaugurada. No cardápio, as quitandas eram o carro-chefe e os salgados só vieram depois de alguns anos.

Seu Alberto (Foto: Reprodução/Twitter)
“O quibe com ovo era o preferido da clientela. Depois vieram os pasteis, com mais de 18 sabores de opção. Com o passar do tempo, o irmão do meu pai, que era sócio no empreendimento, passou a fazer feiras e meu pai ficou sozinho para tocar a lanchonete”, lembra Amâncio.
Numa viagem à cidade de Goiás, seu Alberto teve a ideia que mudou o negócio da família, conforme conta o filho. “Ele comeu um tradicional empadão goiano e pensou em reproduzir a receita, mas adaptando-a para um tamanho menor.”
Então, contratou uma especialista em empadão da própria cidade de Goiás e, junto dela, criou a receita da empada goiana. “Claro que já existia a empada francesa, com massa folhada e recheios diferentes. Mas a empada goiana, pequena, não existia. Foi ideia do Seu Alberto”, diz Amâncio, orgulhoso.
A partir daí, o sucesso foi crescendo. Alberto continuou trabalhando com salgados diversos, tendo incluído a empada de frango no cardápio e nessa época, tendo o pastel como carro-chefe da lanchonete.
Com o passar do tempo, fazer o pastel, com massa e recheios caseiros, ficou inviável financeiramente e pela logística de funcionamento do negócio. Então, em 1970, Seu Alberto decidiu se especializar nas empadas e o resultado é o que se vê até hoje.
Atualmente, a Empada do Alberto conta com 13 sabores, entre doces e salgadas e se prepara para incluir outros dois no cardápio ainda este ano. “Não temos nenhuma pretensão de incluir outro tipo de salgado na nossa lista. Vamos manter nosso carro-chefe e nossa tradição”, destaca Amâncio.
O negócio, que começou com o nome de “Só Pastel” só se tornou a “Empada do Alberto” oficialmente em 1999, quando Amâncio abriu sua primeira lanchonete e decidiu homenagear o pai. A partir daí, o nome foi reproduzido no negócio do Mercado Central e na franquia. É possível encontrar as famosas empadas também em duas revendas e em outra lanchonete da família, igualmente localizada no Mercado Central.
Orgulho
Amâncio, que é responsável pelo negócio há cerca de 15 anos, se diz muito honrado em ser hoje o responsável por manter a tradição da família e, especialmente, do Seu Alberto, falecido em junho de 2022, aos 81 anos. “Desde muito novo eu vi meu pai acordar às 3 da manhã, tomar um banho gelado e ir à pé da Vila Nova, onde a gente mora até hoje. A primeira coisa que ele fazia quando chegava na lanchonete era ajoelhar no chão e fazer uma oração de agradecimento”, rememora.

Amâncio Cavalcante (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
Seu Alberto, que criou toda a família vendendo principalmente empadas, já recebeu clientes famosos em sua lanchonete, como a atriz Fernanda Montenegro, o escritor Jorge Amado e o ex-jogador de futebol, Ronaldo Nazário. “Fico muito feliz de nosso negócio ser uma referência, das pessoas se lembrarem da gente”, diz.
Amâncio afirma ainda que seu orgulho não é somente do Seu Alberto, a personalidade ou o comerciante, mas do homem e do pai que deixou seu legado. “Isso é muito valioso pra mim. Quando falo sobre isso, fico até sentimental, porque é uma coisa muito bonita. Espero que um filho meu leve o negócio adiante futuramente também”, encerra.
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