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Carreira: desafios e tendências no setor de celulose abrangem falta de qualificação e novas tecnologias

Em entrevista ao Portal Celulose, executivos da Eldorado Brasil Celulose, Bracell e Veracel detalham os desafios e as tendências que o setor deve lidar no mercado de trabalho

O setor de celulose tem apresentado um crescimento robusto nos últimos anos, com novas fábricas entrando em operação e novos investimentos industriais sendo anunciados. Com novas plantas entrando em operação, faz-se necessário os recursos para que ela opere, sendo o principal deles a mão de obra. 

Esse cenário apresenta uma gama de oportunidades para profissionais de diversas áreas que têm perspectiva de ingressar ou migrar para a indústria de celulose. Em contrapartida, encontrar os profissionais adequados para cobrir a demanda que o setor apresenta pode ser desafiador. 

DESAFIOS NO MERCADO DE TRABALHO  

Para Elcio Trajano Jr, diretor de Recursos Humanos, Sustentabilidade e Comunicação da Eldorado Brasil Celulose, os desafios no mercado de trabalho estão ligados à constante evolução tecnológica e às mudanças que demandam que os investimentos em automação e inteligência artificial sejam constantes. “Isso exige dos profissionais uma adaptação contínua às novas ferramentas e habilidades digitais”, destaca o executivo. A produtora de celulose emprega mais de 5 mil colaboradores no Brasil e no exterior, com operação fabril em Mato Grosso do Sul e sede administrativa em São Paulo. 

Por sua localização no “Vale da Celulose”, a empresa enfrenta o desafio adicional da competitividade regional nas áreas de concentração de empresas, o que “torna a permanência de talentos um desafio significativo, especialmente em regiões distantes dos grandes centros urbanos”, conforme Trajano Jr. 

Elcio Trajano Jr, diretor de Recursos Humanos, Sustentabilidade e Comunicação da Eldorado Brasil Celulose (Foto: Divulgação)

Na visão de Marcela Fagundes Pereira, Gerente Sr. de Recursos Humanos da Bracell, a falta de profissionais qualificados se destaca como um dos principais pontos de atenção, especialmente diante da crescente demanda por práticas sustentáveis e uso de tecnologias avançadas. “À medida que o setor se expande e adota inovações como drones, sensores multiespectrais e sistemas de geoprocessamento, surge a necessidade de capacitar mão de obra para operar e gerir essas ferramentas com eficiência. Esse descompasso entre a velocidade da inovação e a disponibilidade de talentos capacitados é um ponto crítico a ser resolvido no curto prazo”, reforça a executiva.  

Marcela ainda indica que outro desafio relevante está ligado às mudanças climáticas, gerando a necessidade de atrair novos talentos para áreas ainda pouco conhecidas, como a integração de práticas ESG ao manejo florestal. “Para superar esses desafios, investimos em programas de capacitação técnica, além de parcerias com instituições educacionais, para preparar os seus profissionais para atender às demandas do setor no médio e longo prazo”, comenta a gerente. A Bracell emprega mais de 11 mil trabalhadores diretos em suas atividades industriais, florestais e logísticas no Brasil. 

Marcela Fagundes Pereira, Gerente Sr. de Recursos Humanos da Bracell (Foto: Divulgação)

Para Cristiane Mello, Gerente Gente e Cuidado da Veracel, a qualificação também é um ponto crítico, “pois o crescimento acelerado da indústria tem gerado uma demanda expressiva por profissionais especializados, o que evidencia uma dificuldade em encontrar talentos capacitados para suprir essa necessidade”. Outro desafio, conforme observa Cristiane, é a capacidade de atrair as novas gerações para o mercado. “Essas gerações priorizam o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal e bem-estar, exigindo das empresas estratégias que aliem valores humanos e as oportunidades de crescimento profissional”, comenta a executiva. 

Para ela, no curto prazo, é essencial capacitar os colaboradores para lidar com a automação, análise de dados, pensamento crítico, comunicação eficaz e transformação digital. Já em um horizonte de médio prazo, é preciso implementar iniciativas eficazes de engajamento de talentos. “Isso envolve não apenas políticas salariais competitivas, mas também a criação de um ambiente que promova o cuidado e o bem-estar dos colaboradores. O desafio é integrar esses elementos à cultura organizacional para lidar com a crescente competitividade do mercado de trabalho e fortalecer a relação com os colaboradores”, afirma Mello. A Veracel possui 1.072 colaboradores próprios e 2.507 colaboradores terceiros permanentes em sua operação, abrangendo o setor florestal, industrial e outras áreas. 

Cristiane Mello, Gerente Gente e Cuidado da Veracel (Foto: Veracel)

Elcio Trajano Jr. completa ainda as empresas devem lidar com a adaptação às expectativas das novas gerações, que buscam flexibilidade, inovação e propósitos alinhados à sustentabilidade no médio prazo. Ele detalha que os desafios – que envolvem tecnologia, localização e perfil das novas gerações –, exigem uma abordagem estratégica para garantir a atração, retenção e desenvolvimento contínuo das pessoas. “O recente relatório Future of Jobs 2025, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial, aponta que a transformação digital, a economia verde e questões geopolíticas serão relevantes na transformação do mercado de trabalho global”, indica o diretor.  

PROFISSIONAIS DO FUTURO 

O panorama desafiador para as empresas representa um cenário repleto de oportunidades para as pessoas que possuem as competências procuradas e perfil alinhado às necessidades das organizações. Nesse sentido, os profissionais do futuro precisam apresentar resiliência e visão inovadora para acompanhar o dinamismo do mercado de trabalho. Diante disso, a tendência é de que os profissionais multidisciplinares tenham mais destaque, ao compreenderem competências técnicas, digitais e comportamentais que podem se complementar de maneira muito eficiente. 

“Especialistas em automação, inteligência artificial, análise de dados e sustentabilidade (práticas ESG) terão grande valorização, especialmente nas áreas de otimização de processos e certificações ambientais. No setor florestal, engenheiros e técnicos em geotecnologia e biotecnologia serão cada vez mais essenciais”, declara Elcio. “Além disso, competências em liderança e atenção às diversas mudanças em curso também são importantes. O profissional do futuro será aquele que souber integrar inovação, sustentabilidade e capacidade de adaptação às novas tecnologias”, complementa. 

A Eldorado emprega mais de 5 mil colaboradores no Brasil e no exterior, com operação fabril em Mato Grosso do Sul e sede administrativa em São Paulo (Foto: Divulgação)

Sob a mesma perspectiva, Marcela ainda completa: “Outro diferencial para os profissionais do setor é a capacidade de adaptação e aprendizado contínuo, dada a constante evolução tecnológica e os desafios impostos pelas mudanças climáticas. Exemplos incluem especialistas em gestão ambiental, operadores de drones e analistas de dados aplicados ao manejo florestal, que unem habilidades técnicas e visão estratégica para enfrentar as demandas do setor”. 

PROFISSÕES EM DESTAQUE 

Por conseguinte, nos próximos anos, as profissões que devem se destacar no mercado de trabalho no setor de celulose estão alinhadas a áreas de tecnologia, sustentabilidade e inovação. 

Na visão do diretor de Recursos Humanos, Sustentabilidade e Comunicação da Eldorado Brasil Celulose, as oportunidades para quem possui habilidades técnicas e digitais vai além do solo brasileiro, bem como no exterior. “No setor industrial, os destaques devem ser para engenheiros de automação, especialistas em dados e IA. No setor florestal, engenheiros e técnicos florestais e especialistas em genética. Na área de sustentabilidade e ESG, serão demandados gestores e analistas de economia circular. No campo digital, engenheiros de TI e especialistas em cibersegurança também terão grande demanda”, avalia o executivo. 

Para a Gerente Sr. de Recursos Humanos da Bracell, “engenheiros florestais, especialistas em ESG e analistas de tecnologia aplicada ao manejo florestal desempenharão papéis fundamentais no avanço de práticas responsáveis e na otimização de processos produtivos. A integração de dados e a automação de operações também abrem espaço para carreiras voltadas à ciência de dados e geoprocessamento”. 

“Além disso, profissões voltadas para o desenvolvimento sustentável, como engenheiros químicos especializados em economia circular e consultores em biodiversidade, devem ganhar relevância à medida que o setor adota práticas mais ecológicas”, completa Marcela. 

A Bracell emprega mais de 11 mil trabalhadores diretos em suas atividades industriais, florestais e logísticas no Brasil (Foto: Divulgação)

Já a Gerente Gente e Cuidado da Veracel ressalta as oportunidades em áreas que atendem à demanda por qualificação técnica, gestão de operações, inovação tecnológica e sustentabilidade. “Sendo assim, as áreas com maior potencial nos próximos anos incluem automação e transformação digital, impulsionando a modernização dos processos produtivos e a eficiência operacional; análise de dados e inteligência artificial, promovendo inovação, decisões estratégicas e predição de tendências”, reforça a executiva.  

Cristiane ainda completa que profissões focadas na eficiência energética e na otimização de recursos nos processos industriais se destacam, alinhadas às demandas de sustentabilidade e ESG. “Profissionais especializados em cibersegurança também serão altamente demandados, devido à crescente digitalização e necessidade de proteção de dados. Por fim, áreas voltadas para a biotecnologia e soluções verdes terão oportunidades significativas, especialmente em setores que priorizam inovações sustentáveis”, completa. 

EVOLUÇÃO DA AUTOMATIZAÇÃO E DA QUALIFICAÇÃO 

Em contrapartida, com o desenvolvimento dessas áreas, outras profissões tradicionais podem perder a relevância. Enquanto novas demandas são criadas, outras são substituídas. 

O relatório de 2025 sobre o Futuro do Trabalho, do Fórum Econômico Mundial, indica que há profissões que devem passar por uma transição, se tornando mais complexas e exigindo habilidades mais analíticas e menos executoras, conforme destaca Elcio Trajano. 

“A transformação tecnológica torna possível otimizar tarefas tradicionais, permitindo que os colaboradores se concentrem em funções mais estratégicas e de maior valor agregado. Isso demanda uma adaptação contínua das equipes, com foco no desenvolvimento de competências em tecnologia e inovação, essencial para manter a competitividade do setor”, afirma o diretor. 

Segundo Cristiane Mello, na Veracel, o foco é qualificar os colaboradores para atender às novas demandas. “Cargos geralmente associados a tarefas repetitivas e manuais, estão sendo substituídos por sistemas automatizados e equipamentos inteligentes, que oferecem maior eficiência e segurança, mas isso cria oportunidades para novas carreiras em manutenção, programação e operação de tecnologias inovadoras”, explica.  

A Veracel possui 1.072 colaboradores próprios e 2.507 colaboradores terceiros permanentes em sua operação, abrangendo o setor florestal, industrial e outras áreas (Foto: Divulgação)

No entanto, segundo Marcela Fagundes Pereira, essas profissões que antes dependiam exclusivamente de habilidades manuais ou tarefas repetitivas não devem deixar de existir, “mas sim que as funções serão ressignificadas e ampliadas”. Na Bracell, por exemplo, os profissionais têm acesso a programas de requalificação que os ajudam a se adaptar às mudanças e a adquirir competências alinhadas às novas demandas do setor. “Essa abordagem garante que, mesmo com o avanço da automação, o ser humano continue sendo um dos pilares mais importantes da operação”, completa. 

MERCADO CARECE DE PROFISSIONAIS QUALIFICADOS 

As tendências que ditam o futuro do mercado de trabalho no setor de celulose enfrentam o desafio de encontrar esses profissionais no presente. “A rápida transformação tecnológica e a localização remota de algumas operações em alguns momentos podem dificultar a atração de talentos”, observa Elcio. 

“Há uma carência significativa de profissionais qualificados nas áreas de maior demanda do setor florestal. Essa falta é particularmente notável em funções que exigem conhecimentos técnicos especializados, como análise de dados aplicada ao manejo florestal, operação de tecnologias avançadas e integração de ESG às operações. Apesar de o Brasil ser uma referência global na produção de celulose, a capacitação técnica não tem acompanhado o ritmo das inovações e das demandas do mercado”, complementa Marcela. 

“Embora existam iniciativas para mitigar essa lacuna, como parcerias com instituições de ensino e programas de formação técnica, a demanda supera a oferta atual de profissionais qualificados. Sendo necessário acelerar as curvas de aprendizado”, conclui Cristiane Mello. 

INICIATIVAS DE ATRAÇÃO E RETENÇÃO DE TALENTOS 

Para contornar esses desafios a Eldorado adota programas como “Super Talentos”, “Indique gente como a gente”, capacitações internas, parcerias educacionais, benefícios diferenciados, “Formação de Líderes” e “Jornada da Cultura Eldorado”, visando atender à demanda por competências técnicas, inovadoras e comportamentais no curto e médio prazo. “Atuamos também nesta formação de mão de obra, capacitando cada vez mais os que já estão na empresa e que compartilham do nosso DNA”, detalha o diretor de Recursos Humanos, Sustentabilidade e Comunicação. 

A Eldorado Brasil investe em ações e programas de desenvolvimento, engajamento e capacitação profissional como forma de manter a competitividade e valorizar a equipe. O fortalecimento da Cultura Organizacional, desenvolvimento na Liderança, parcerias com universidades, programas de estágio e divulgação da marca empregadora também atraem novos talentos. 

Para atrair novos talentos, a Veracel promove programas de diversidade e inclusão, programas de capacitação na sua região de atuação, além de programa de estágio que oferecem formação prática em projetos reais. Também mantém parcerias com instituições de ensino e oferece um pacote competitivo de benefícios. Adicionalmente, sua cultura organizacional prioriza a inclusão, o feedback constante e o reconhecimento por resultados, promovendo um ambiente de trabalho engajador e colaborativo. “Aqui na Veracel temos um olhar focado em cuidar e inspirar pessoas”, completa a Gerente de Gente e Cuidado. A companhia foi certificada como uma excelente empresa para trabalha pelo 7º ano consecutivo pelo Great Place To Work. 

A Bracell tem investido em iniciativas de formação e desenvolvimento de talentos, como programas de estágio, trainee e capacitação interna. Esses esforços não apenas preparam os profissionais para os desafios imediatos, mas também ajudam a criar uma base sólida de competências para o futuro do setor. A empresa acredita que, com o investimento contínuo em educação e inovação, será possível reduzir essa carência e fortalecer o mercado de trabalho no setor florestal. Além disso, a empresa participa de feiras universitárias e mantém parcerias estratégicas com instituições de ensino para ampliar sua base de talentos. 

“Promovemos uma cultura que valoriza o bem-estar e o desenvolvimento contínuo de seus colaboradores. Benefícios como trilhas de aprendizado em soft skills, mentoria e plataformas de ensino de idiomas refletem o compromisso da empresa em proporcionar um ambiente de trabalho motivador e equilibrado”, adiciona a Gerente Sr. de Recursos Humanos da empresa. 

“Reconhecemos a importância de perpetuar o conhecimento dos colaboradores mais experientes, considerando-os uma fonte inestimável de aprendizado para as novas gerações. Para isso, a empresa implementa programas de mentoria que conectam profissionais veteranos a novos talentos, permitindo uma rica troca de experiências e conhecimentos. Essa prática fortalece não apenas o desenvolvimento técnico dos jovens profissionais, mas também contribui para a preservação da cultura e dos valores organizacionais”, finaliza a executiva. “Dessa forma, a Bracell assegura que sua força de trabalho esteja preparada para enfrentar os desafios do futuro, mantendo um legado de excelência e inovação no setor”. 

 

Por: Portal Celulose

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