Bolsonaro completa duas semanas de reclusão após derrota e tem agenda reduzida
Desde a derrota nas urnas para Lula em 30 de outubro, atual presidente cortou interação com apoiadores e tem feito compromissos do Palácio da Alvorada
O presidente Jair Bolsonaro (PL) está há duas semanas recluso no Palácio da Alvorada – residência oficial em Brasília (DF). O período coincide com a derrota nas urnas para seu maior rival político, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no segundo turno eleitoral realizado em 30 de outubro. A postura do mandatário contraria a que ele costumava adotar na função oficial, com contato próximo a apoiadores e uso constante de redes sociais.
Com a rotina de encontros quase que diários com apoiadores no chamado “cercadinho” do Alvorada durante seu mandato, o chefe do Executivo não tem mais saído para conversar com a militância. As tradicionais lives realizadas às quintas-feiras em suas redes sociais também deixaram de acontecer nas duas últimas semanas, sem nenhum recado ou aviso.
A agenda de Bolsonaro deixou de ser cumprida do Palácio do Planalto – sede do governo e do gabinete presidencial – na maioria dos registros disponíveis. O mandatário esteve no local apenas em duas ocasiões: em 31 de outubro, um dia depois do resultado eleitoral, e em 3 de novembro, quando teve um rápido encontro com o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB).
Desde 30 de outubro, os compromissos da agenda oficial têm sido cumpridos de dentro do Alvorada e se resumem a encontros com ministros, além de despachos internos. Fugiu à regra de isolamento, apenas, um encontro com o governador reeleito do Paraná Ratinho Júnior (PSD) na última quarta-feira (9). Nas duas últimas duas semanas, cinco dias úteis constaram sem compromissos oficiais na agenda do presidente.
Além das duas idas ao Planalto, Bolsonaro foi visto deixando o Alvorada em apenas mais uma ocasião. Em 1º de novembro, ele foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) e se reuniu com ministros após o único pronunciamento feito desde o segundo turno e quase 45 horas depois de sua derrota.
Em pronunciamento de dois minutos, ele não reconheceu a vitória de Lula e afirmou que a reação de apoiadores com manifestações ao redor do país e o bloqueio de estradas era “fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu as últimas eleições”, reprovando o “cerceamento do direito de ir e vir”. Sem uma condenação enfática aos atos dos apoiadores, Bolsonaro foi às redes sociais dois dias depois, em 3 de novembro, quando publicou um vídeo pedindo a liberação das rodovias.
As publicações feitas em redes sociais, antes frequentes e realizadas mais de uma vez ao dia, também ficaram espaçadas. Além do vídeo aos apoiadores, o mandatário apareceu apenas na última terça-feira (8) e publicou fotos de sua campanha eleitoral. Diferentes imagens foram divulgadas no Twitter, Facebook e Instagram, sem qualquer legenda. Há registros, inclusive, do lançamento de sua candidatura em julho, no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro (RJ).
Na quinta-feira (10), o ministro das Comunicações, Fábio Faria, afirmou que e=esteve com Bolsonaro e que o presidente estava “muito sereno”. “Ele sabe o que representa para o Brasil, o tamanho do Bolsonarismo e que saiu vitorioso nas eleições do Congresso e governadores”, publicou no Twitter.