Atletas paralímpicos goianos são destaque na Exposição “Moda, Esporte e Inclusão – Construindo Futuros”
Mostra reúne histórias inspiradoras de superação em Goiânia, combinando moda, esporte e inclusão social para homenagear representantes de Goiás no Brasil e no mundo
Mais de 45 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência, representando 24% da população, segundo o IBGE. Apesar disso, a participação dessas pessoas em setores como moda e esporte ainda é limitada. No mercado da moda, segundo estudos e análises pontuais sobre inclusão na publicidade global, apenas 1% das campanhas publicitárias incluem pessoas com deficiência, enquanto no esporte, o número de atletas paralímpicos registrados no Brasil representa menos de 0,1% da população total, segundo registros do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).
Leandro Pires, produtor executivo da exposição, ressalta que o objetivo é provocar uma reflexão profunda sobre o respeito à diversidade e a inclusão na prática. “Queremos usar a moda como linguagem para dialogar com a sociedade, destacando histórias que provam que o potencial humano transcende qualquer limitação física. Outro ponto importante é como a moda pode dar ainda mais visibilidade a estas conquistas e assim abrir novos espaços, construindo novos futuros”, afirma.
Para o diretor regional do Sesc Goiás, Leopoldo Veiga Jardim, foi uma honra receber os atletas paralímpicos nas unidades do Sesc em Goiânia e ser uma das locações das fotografias da exposição. “O Sesc é uma instituição que visa promover o bem-estar e a qualidade de vida da população e o esporte é um dos nossos pilares para esse objetivo. Acreditamos no esporte como agente de transformação e inclusão social”, ressalta.
Moda e esporte como palco da diversidade
Ágata Lopes Atleta do Parabadiminton Foto: Augusto Quinan
Minha deficiência visual é decorrente de um glaucoma congênito. Quando nasci, segundo relatos da minha família, passei por 14 cirurgias, sendo 7 delas para transplante de córnea. No entanto, meu organismo rejeitou todas as córneas, e aos 3 anos perdi completamente o pouco de visão com que nasci. Não tenho nenhuma memória visual, então é como se eu tivesse nascido cego.
Conheci o judô por volta dos 15 anos, através de um projeto de extensão da Universidade Estadual de Goiás (UEG), liderado pelo professor Jamilson, que visitou o CEBRAV – instituição onde recebi apoio e aprendi a usar ferramentas adaptativas. No início, não gostava muito de atividades físicas, mas decidi experimentar o judô. Fui treinando e ouvindo histórias inspiradoras, como a do sensei Mayco, que vivia do judô. Isso me motivou a participar da minha primeira Paralimpíada Escolar, onde conquistei o 3º lugar e minha primeira medalha. A partir daí, decidi seguir no esporte.
Com a saída do professor Jamilson, que precisou viajar para continuar seus estudos, passei a treinar sob os cuidados do saudoso sensei Jozephe, na academia Haray Goshe. Foi lá que construí as bases da minha vida atlética. No ano seguinte, fui vice-campeão na mesma competição, e, no outro ano, conquistei o título de campeão tanto na minha categoria quanto na categoria absoluto, que é a mesma na qual luto até hoje.
Ao longo da minha trajetória, participei de diversas competições. Em um campeonato no Rio de Janeiro, fui campeão, e conquistei outro título no Pará. Mais recentemente, nas Paralimpíadas Universitárias, ganhei bronze em 2021 e ouro em 2022, desta vez em João Pessoa. Esses resultados me levaram à seleção de base, da qual fiz parte nos últimos dois anos. Pela seleção, tive a oportunidade de competir na Finlândia, onde alcancei a 3ª colocação.
No início, as maiores dificuldades estavam no desconhecimento e na falta de suporte fora dos tatames. Hoje, o maior desafio é a locomoção para os treinos, além de equilibrar o esporte com outras atividades e lidar com as adversidades comuns a qualquer atleta. Depois da Haray Goshe, treinei por um ano na academia União, com o sensei Glauber, e atualmente treino com o sensei Giuliano Santana, na academia MIB. Encerrando meu ano, conquistei ouro nos Jogos da Juventude e bronze na primeira etapa do Campeonato Brasileiro.
Para o futuro, quero continuar treinando e alcançar a graduação na faixa preta. Porém, isso dependerá de conseguir transferir meu curso universitário para Goiânia. Atualmente, estudo Direito na UFG. Quando fiz o ENEM, enfrentei problemas no SISU e acabei me matriculando no campus da cidade de Goiás. Este ano, consegui estudar em Goiânia em regime de mobilidade e estou tentando uma vaga definitiva no campus.
Moro com meus pais e dois irmãos mais novos; meu irmão mais velho já não vive conosco. Somos uma família unida e animada. Apesar das dificuldades enfrentadas por uma família de classe média baixa, vivemos com tranquilidade, sempre apoiando uns aos outros.
Tenho 15 anos e sou atleta de parabadminton, sendo uma PCD com nanismo. Há três anos, dedico-me ao esporte com muito empenho e paixão. Moro em Senador Canedo com minha mãe, meu padrasto e minha irmã de 1 ano. Minha rotina diária é dividida entre os estudos – atualmente curso o 1º ano do Ensino Médio – e os treinos quase diários no Centro de Excelência em Goiânia.
Em minha trajetória no parabadminton, já conquistei 25 medalhas em competições escolares e nacionais, resultados que refletem meu comprometimento e esforço. Hoje, tenho o privilégio de receber duas bolsas: a bolsa nacional e a bolsa estudantil, que me ajudam a continuar trilhando esse caminho de desafios e conquistas no esporte.
Inclusão como essência
A narrativa da exposição é construída para desafiar estereótipos e colocar a pessoa com deficiência no centro. As fotografias vão além da estética, mostrando que limitações físicas não definem o potencial humano, e que precisamos – quanto sociedade – construir um futuro mais justo e mais inclusivo para pessoas com deficiência.
“Moda, Esporte e Inclusão – Construindo Futuros” é uma celebração da força e da coragem de quem enfrenta barreiras e encontra no esporte e na arte um caminho de transformação. A mostra oferece ao público uma oportunidade de repensar preconceitos e valorizar a diversidade como um ativo essencial para a sociedade.
Evento: Exposição “Moda, Esporte e Inclusão – Construindo Futuros”
Local: Metropolitan Mall, Goiânia-GO
Data: 10 a 21 de dezembro de 2024
Abertura oficial: 09 de dezembro de 2024
Entrada: Gratuita
Informações: @leandropiresconsultoria @augustoquinan @sescgo
REALIZAÇÃO:
Leandro Pires Consultoria, Estúdio Augusto Quinan e Sesc Goiás
PARCEIROS:
Milimike
Metropolitan Mall
APOIO:
Sindilojas GO
ASPAEGO – Associação Paralímpica do Estado de Goiás
Por: Daniele Flöter