Alguém aí ouviu a voz de Ronaldo Caiado?

Ronaldo Caiado é um político que se construiu pelo discurso. Ostentando sobrenome tradicional da política goiana, ele se fez conhecido nacionalmente por não fugir de uma peleja verbal com seus opositores. Contundente, é reconhecido por pares pela firmeza do debate. Às vezes, escapa do razoável, é verdade – Lindbergh Farias que o diga. Mas nunca deixou de se posicionar. O silêncio nunca foi uma arma política de Caiado.

Por isso que agora grita a mudez do governador sobre a Operação Sinusal. Para quem não sabe do que se trata, a Polícia Civil de Goiás cumpriu ontem três mandados de prisão temporária e 17 mandados de busca e apreensão. O objetivo é investigar fraudes contratuais que teriam sido praticadas por empresa e OS que prestam serviços na Secretaria de Saúde de Goiás.

Se engana quem pensa que a questão é só administrativa. Não é. Um desses mandados de busca e apreensão se deu na casa do ex-secretário de Saúde e deputado federal eleito Ismael Alexandrino. Um dos que foi em cana, Daniel Alexandrino, é irmão deste que foi subordinado de Caiado. Nesse contexto, a coisa deixa de ser meramente técnica e passa a ser política. Por isso que o principal agente político do governo tem que se posicionar. Aí pergunto: onde está a fala de Caiado sobre este assunto que ainda não vi?

Cabe aqui um elogio à autonomia da investigação. A operação ser coordenada pela Polícia Civil mostra que não houve orientação política do Palácio das Esmeraldas de acobertar o caso. Outro motivo para um posicionamento vindo da voz de Caiado.

Informações levantadas pelo jornal O Popular apontam que Ismael Alexandrino irá representar o delegado Francisco Lipare, responsável pela operação, por abuso de autoridade junto à Corregedoria da Polícia Civil e também perante o Ministério Público. Acho mais que justo. Se o deputado federal eleito se sentiu ferido perante seus direitos, é legítimo que busque a devida reparação legal. Tudo certo.

O que não exclui em nada a responsabilidade política de Caiado perante o ocorrido. Se o que se investiga será comprovado ou não, lá na frente saberemos. Só depois do trânsito em julgado. Não cabe aqui falar de inocência ou culpa. Isso é dever da Justiça.

Mas o tempo da política não é o tempo da Justiça. E Caiado é da política. Por isso que a pergunta que Goiás faz para o governador é: o que o senhor tem a dizer sobre a Operação Sinusal que envolve seu ex-secretário de Saúde?