Aparecida já realizou mais de 4.400 exames no atendimento de emergência a infartados
No dia 29 de agosto, a Secretaria de Saúde de Aparecida de Goiânia (SMS) realizou um fato inédito na rede pública de Goiás: um idoso com dor no peito foi atendido pelo SAMU com a realização, em via pública, dentro da ambulância, de um exame de eletrocardiograma (ECG) que diagnosticou Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnivelamento do ST (IAMCSST).
Esta é uma situação de emergência médica extremamente grave e uma das principais causas de mortalidade por doenças cardiovasculares. O paciente foi levado de imediato para o Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia – Iris Rezende Machado (HMAP) para realização de cateterismo. Salvo, dois dias depois ele deixou a unidade e retomou sua vida normalmente.
O atendimento foi possível graças ao Projeto Supra – linha de cuidados emergenciais para pacientes com infarto agudo do miocárdio, lançado no último 7 de agosto pelo prefeito Vilmar Mariano e pelo secretário de Saúde Alessandro Magalhães. A iniciativa é uma parceria da SMS com a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, que administra o HMAP, e com o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e a empresa Atrys.
Desde o lançamento do Supra, já foram realizados na cidade pelo Projeto 4.426 exames de ECG com 55 diagnósticos de infarto com SST, foco da iniciativa. Apenas em setembro, foram 2.589 ECG’s realizados, com média diária de 86 e com 32 casos de SST detectados. O prefeito Vilmar Mariano enfatiza o valor dos números:
“Vejo esses dados e penso, sobretudo, nas vidas salvas, no sofrimento poupado a tantas famílias, nas mulheres e homens que puderam ser atendidos a tempo com eficiência e alta qualidade técnica e puderam retomar suas vidas sem maiores problemas. É mais uma vitória para Aparecida, um ganho para o bem-estar das pessoas”.
Tecnologia a serviço da vida
Sobre o atendimento pioneiro de 29 de agosto, o secretário de Saúde Alessandro Magalhães relata que “um senhor de 63 anos se sentiu mal por volta das 14h numa rua do Setor Garavelo. O SAMU foi acionado e o ECG foi feito lá mesmo, com o equipamento do Projeto, seguindo todos os protocolos. Constatado o infarto com supra, a Central de Regulação e o HMAP foram avisados e em menos de 90 minutos o paciente estava no Hospital sendo submetido ao cateterismo para desobstrução da artéria coronariana. Isso foi determinante para salvá-lo e garantir melhor qualidade de vida mesmo após sofrer um infarto. Foi um atendimento impecável”.
No ato de lançamento do Projeto Supra, em 7 de agosto, o diretor médico do HMAP, Felipe Piza, afirmou que “o diagnóstico rápido em casos de infarto é de extrema importância, uma vez que cada minuto conta quando se trata dessa condição grave e com risco de morte”.
Ele explicou que o infarto é uma doença reconhecida pelos sintomas, como dor no peito que irradia para o braço esquerdo e falta de ar, e por uma alteração no eletrocardiograma denominada Supra. “Daí o nome do Projeto, cujo significado é Serviço de Urgência para Reperfusão Ágil, ou seja, reperfusão é abrir a artéria que está entupida”, destacou.
O superintendente de Atenção à Saúde, Gustavo Assunção, destaca que a identificação precoce do infarto com supra na própria ambulância foi possível graças ao uso de uma plataforma de telemedicina com inteligência artificial para diagnóstico de infarto.
“Os resultados foram validados remotamente por cardiologistas do Einstein e o paciente nem precisou ser levado para uma UPA ou um CAIS. Já foi referenciado pela Regulação e transferido para a hemodinâmica do HMAP para realização do cateterismo e demais procedimentos necessários”, frisa.
O coordenador médico da Rede de Urgências da SMS, Henrique do Carmo, detalhou o desencadeamento de ações desse salvamento inédito: “Nossa telefonista auxiliar de regulação médica atendeu a primeira ligação no SAMU às 14h07 e passou para os médicos. Eles optaram pelo envio da Unidade de Suporte Avançado (USA) da equipe 07. Às 14h15 a equipe já estava no local com o paciente, fazendo o ECG, quando detectaram o infarto com supra e foram para o HMAP, onde outros profissionais já estavam avisados e se preparando. Na Regulação, o processo também foi ágil, levou menos de 3 minutos.”
Para a diretora Geral do SAMU 192, Danielly Silvestre Bitencourt e Castro, o Projeto Supra é de suma importância para Aparecida atender adequadamente os pacientes infartados, principalmente em ambiente extra-hospitalar, como nas vias públicas.
“Com o eletro sendo feito dentro da USA e o laudo saindo em minutos, conseguimos encaminhar o paciente para a hemodinâmica o mais rápido possível. Isso faz muita diferença na vida das pessoas. No caso deste primeiro paciente do Projeto com atendimento na rua, ele sofreu uma parada cardiorrespiratória ao chegar no HMAP e foi reanimado pela nossa equipe ainda na maca. Se não fosse a eficiência e a agilidade dos profissionais ao longo de todo o processo, certamente o desfecho não seria favorável”, enfatizou.
Diagnóstico e tratamento em 90 minutos
O Supra começa com a identificação precoce do paciente com suspeita de infarto nas UPA´s, Cais e SAMU. Daí é realizado um eletrocardiograma em aparelhos compatíveis com uma plataforma de telemedicina que usa inteligência artificial (IA) para diagnóstico de infarto e por meio da qual os resultados são validados remotamente por cardiologistas do Einstein.
Após essas etapas, é feita a transferência do paciente para a hemodinâmica do HMAP para realização de cateterismo, angioplastia e demais procedimentos necessários. Tudo isso no intervalo de 90 minutos.
O Projeto atende pessoas com síndrome coronariana aguda com supradesnível do segmento ST, como é chamado na medicina esse tipo de infarto, e tem o objetivo de agilizar o diagnóstico e tratamento dos pacientes.
A doença exige intervenção em um curto espaço de tempo para diminuir os riscos de morte, complicações e a necessidade de internações. Todos os fluxos, processos e protocolos do projeto foram desenvolvidos pela equipe do Einstein seguindo diretrizes internacionais. De acordo com o Ministério da Saúde, o Infarto Agudo do Miocárdio é a maior causa de mortes no País, com registros de 300 a 400 mil casos anuais da doença.