HUGO reduz índice de lesões por pressão em 57% e melhora qualidade da assistência
Desde o início da gestão Einstein, a unidade registrou também queda de 84% nas complicações associadas a lesões mais graves

O Hospital de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (HUGO), unidade do governo de Goiás, registrou queda nos índices de lesão por pressão (LPs) da unidade, um tipo de lesão de pele causado por pressão prolongada, geralmente sobre áreas ósseas. Em junho de 2024, quando o Einstein assumiu a gestão do hospital, a média era de 80 LPs no mês. Em dezembro, esse número já havia caído para 34 LPs, o que representa uma queda de 57%.
Segundo o consenso internacional de lesões por pressão – NIAP(National Injury Advisory Panel), a lesão por pressão é um dano localizado na pele e/ou em tecidos moles, geralmente sobre uma proeminência óssea ou relacionada a algum dispositivo médico. A lesão pode se apresentar em pele íntegra ou como úlcera aberta. A lesão ocorre como resultado de pressão intensa e/ou prolongada. As lesões por pressão comuns em pacientes que ficam muito tempo acamados ou na mesma posição e, além de causarem incômodo e dor, podem ser uma porta de entrada para infecções e causar deformidades permanentes.
Por isso, desde o início da gestão do Einstein, uma das principais preocupações foi a diminuição desses casos por meio da notificação e tratamento adequados. Ainda em julho, profissionais que atuam na unidade privada da organização, em São Paulo, e que são referência nacional no tema, estiveram no HUGO para treinar 100% do equipe assistencial para a prevenção de lesões e realização de curativos. Os colaboradores aprenderam a utilizar, por exemplo, o curativo a vácuo, que contribui para uma cicatrização mais rápida e reduz o risco de infecções. Atualmente, o HUGO é o único hospital da rede estadual que possui essa tecnologia, outro diferencial da unidade é que contamos com equipe de enfermagem com especialistas em estomaterapia e dermatologia.
“O índice baixo de LPs é um importante indicador de qualidade assistencial, refletindo a efetividade das práticas de cuidado e prevenção adotadas pela equipe de saúde”, explica Thatianne Santana, enfermeira dermatológica do HUGO. Hoje, a especialidade da dermatologia na enfermagem também é um dos diferenciais do HUGO, com enfermeiras capacitadas para realizar a avaliação das feridas e indicar o tratamento adequado para cada tipo de lesão.
A redução na incidência das lesões por pressão contribuiu também com a melhora de outro indicador: a taxa de complicações relacionadas às lesões mais graves. Nesse sentido, houve uma redução de 84% em complicações de lesões por pressão estágio 3 e 4, que são lesões complicadas, pois sao lesões classificadas como never events, ou seja, não devem ocorrer, o que representa não só um avanço no atendimento aos pacientes, mas uma melhora em sua qualidade de vida.
Atuação estratégica
Uma das primeiras ações implementadas pelo Einstein ao assumir a gestão do HUGO foi levar profissionais que atuam no Einstein, em São Paulo, e que são referência na prevenção e tratamento de lesão por pressão no país, para treinar 100% da equipe assistencial para prevenir as lesões e fazer curativos. Além disso, um time do Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia – Iris Rezende Machado (HMAP), também administrado pela organização, que já atuava na prevenção e tratamento de LPs na unidade, contribuiu também com a capacitação dos profissionais e com o compartilhamento de boas práticas, envolvendo os processos e fluxos para classificação e tratamento.
“Dentro da metodologia de ensino do Einstein, o manejo de pacientes com lesão por pressão é abordado ainda no treinamento admissional da equipe assistencial, com conteúdo teórico e atividades práticas. São realizadas, por exemplo, simulações realísticas para limpeza e proteção da pele, fixação de dispositivos, produção de coxins e mudança de posição para evitar o colapso dos vasos sanguíneos da pele e a morte de tecidos”, explica a enfermeira estomoterapeuta do HMAP, Alexsandra Soares.
No HMAP, a taxa de LPs adquiridas no hospital está em 3,26 a cada mil pacientes. Esse número já foi duas vezes maior, antes da implantação, em outubro de 2022, do Grupo de Atenção às Estomias e Feridas (GAEFE), formado por enfermeiros estomoterapeutas que atuam no tratamento das lesões, e dos “Guardiões da Pele”, técnicos em enfermagem capacitados para a classificação e prevenção das feridas.
“A incidência de lesões por pressão impacta diretamente na qualidade e segurança do paciente por causar dor e risco de contrair infecção hospitalar, além de representar custos, já que pode colaborar para o aumento do tempo de permanência. Por isso é tão importante compartilhar a experiência Einstein nas diversas unidades”, conclui Alexsandra.
Algumas das ações que vêm sendo implementadas para diminuir a incidência das LPs no HUGO são a criação do Grupo de Enfermeiros em Atenção a Estomias e Feridas (Gaefe), para acompanhamento contínuo dos pacientes; a confecção de posicionadores personalizados para pacientes com alto risco de desenvolver as lesões; mudança frequente de posição dos pacientes nos leitos
dos pacientes; uso de coberturas de curativos com alta tecnologia, como a terapia multicamadas e laserterapia, que auxiliam no processo de cicatrização e prevenção de novas lesões; e utilização de técnicas avançadas, como a terapia por pressão negativa com infiltração de soro, indicada para lesões de alta complexidade, proporcionando resultados mais rápidos e eficazes.
A diretora médica do HUGO, Dra. Fabiana Rolla, destaca ainda uma das iniciativas mais importantes que ocorreram: a jornada Magnet. “Realizamos em novembro a Jornada Magnet em parceria com profissionais do Einstein Morumbi, em que os aprendizados sobre as boas práticas na prevenção, cuidado e tratamento das lesões foram apresentados seguindo os protocolos da auditoria Magnet, análise reconhecida internacionalmente por prezar pela excelência na prática de enfermagem e cuidado ao paciente. Isso garante que nosso hospital siga as melhores práticas e padrões de qualidade e segurança”, conclui.
Sobre o HUGO
O Hospital de Urgências de Goiás – Dr. Valdemiro Cruz (HUGO) foi inaugurado em 1991 e é o segundo maior hospital de urgência e emergência de Goiás. Além da assistência, também é um hospital de ensino, pesquisa e extensão universitária.
Em sua trajetória, se destaca por programas como o de microcirurgia, que realiza procedimentos como reconstituição de órgãos, reparação cirúrgica e reconstrução de membros inferiores, superiores da face e reimplantes. Foi considerado referência no atendimento de acidente vascular cerebral (AVC) com o projeto Angels, implantado em 2022, e reconhecido internacionalmente no socorro a vítimas de AVC isquêmico. O protocolo reduziu em mais de 86% as sequelas de pacientes e em quase 90% o índice de óbitos de vítimas de AVC.
O HUGO possui 387 leitos para internação e um centro cirúrgico com 10 salas. Sob a gestão do Einstein, o hospital continuará realizando atendimento de serviços ambulatoriais e hospitalares 100% regulados para pacientes do SUS.
Por: FatoMais