Exposição e desfile de moda marcam as celebrações, no Legislativo, alusivas ao Dia da Consciência Negra
A idealizadora do projeto, Emiliana Pereira dos Santos, gestora de Atividades Culturais da Casa, falou da importância de celebrar o trabalho realizado em terreiro e do registro deste trabalho, como forma de preservar a memória e a história da cultura ancestral afrodescendente.
“Hoje tivemos o Desfile da Beleza Negra, dando visibilidade aos servidores negros da Casa. Tivemos também a sessão de cinema “Nepretude”, com a exibição de filmes que exploram a negritude e o protagonismo negro no audiovisual brasileiro e, agora, essa exposição. Se trata de um avanço histórico importante para a cultura negra”, defendeu a servidora.
Emiliana elogiou a disponibilidade do Palácio Maguito Vilela para a realização desses eventos. “Eu, como gestora cultural da Casa e mulher negra, ao ver a Assembleia realizar essa inclusão para os meus, numa Casa tão esbranquiçada, me enche de alegria. Precisamos potencializar cada vez mais a nossa cultura.”
A exposição
João Martins Alves, mais conhecido como Pai João de Abuke, nasceu em Juazeiro, na Bahia, e chegou a Goiás na década de 1960, onde abriu sua casa e se tornou o precursor do candomblé no Estado. Criou o Afoxé, para abrir os carnavais de Goiânia, com uma missão de levar o axé para as ruas, com o objetivo de quebrar o preconceito religioso da cidade na década de 1990.
No dia 20 de setembro de 2006, Pai João faleceu em Goiânia, tornando o primeiro ancestral de Goiás. Na tradição africana, o ancestral é visto como protetor de seu povo. Por isso mesmo, após a sua morte, em cada festa, canto ou oferenda, a memória do Pai João de Abuke é revivida.
Ao trazer a memória daquele líder e de outros mestres, o projeto proposto pela Associação Desportiva Cultural de Capoeira Mestre Bimba e o Fórum de Religiões de Matriz Africana do Estado de Goiás envolve parceria com diversas entidades da sociedade civil, povos de terreiro, comunidades de matriz africana, grupos de capoeira angolanos e regionais, grupos musicais e teatrais, agentes culturais, empreendedores culturais, pontos de cultura, mestres, e griôs da tradição afro-brasileira.
A proposta é realizar ações articuladas e integradas, como o programa de ações de valorização da memória, saberes e fazeres dos povos de terreiro, composta por fotografias e objetos do candomblé, e promover roda de conversa abordando o tema “Povos de terreiro na luta por direitos e justiça socioambiental”.
A iniciativa é vista como forma de mobilizar vários grupos ligados à cultura afro-goiana, realizando ações integradas do projeto e promovendo um ambiente de valorização, preservação da identidade e da cultura afro-brasileira, além de ser um incentivo contra o racismo e superação da intolerância religiosa.
Beleza Negra
O desfile “Beleza Negra” foi a última etapa das comemorações do Dia da Consciência Negra, ocorridas na Assembleia Legislativa. O evento, que ocorreu no hall de entrada do Palácio Maguito Vilela, foi idealizado pelas servidoras Emiliana Pereira dos Santos e Raquel Eshilley, com o objetivo de destacar a importância da representatividade negra.
Segundo Emiliana, gestora da Secretaria de Atividades Culturais, o desfile busca promover a reflexão sobre o racismo, além de proporcionar inclusão e empoderamento da beleza negra. “A ideia surgiu de duas mulheres negras servidoras da Casa, que desejavam dar visibilidade aos colegas e celebrá-los nessa data tão especial”, explicou.
Além do desfile, o evento contou com a parceria de lojas de roupas, como a Sglum Factory e Terno Certo (masculina) e a Nega na Moda (feminina). A produção ficou por conta da Valéria França Academy.
O deputado Ricardo Quirino (Republicanos), presente na celebração, parabenizou a iniciativa dos organizadores e do presidente Bruno Peixoto (UB). “A consciência negra nos convida a refletir sobre a participação da população negra desde a abolição. Somos todos iguais”, ressaltou.
A vice-prefeita eleita de Goiânia, Cláudia Lira (Avante), também marcou presença e destacou a importância da celebração. “A cultura negra enriqueceu imensamente nossa sociedade, seja na religião, gastronomia ou moda. Precisamos reconhecer a importância do negro e garantir que ele ocupe seu lugar de destaque”, afirmou.