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Entre criadores e marcas: a magia da creator economy

Nos últimos anos, a creator economy colocou os dois pés na porta: surgiu como um fenômeno transformador na forma como consumimos conteúdo, interagimos com marcas e, claro, como conduzimos negócios. À medida que a tecnologia avança e o comportamento do consumidor se adapta a novas realidades, estamos vendo, quase que em tempo real, o surgimento de uma nova classe de influenciadores que moldam as decisões de compra de gerações inteiras.

Uma classe muito mais engajada, muito mais comercial, muito mais alinhada às expectativas do que é necessário para atingir os objetivos. E tudo isso com um bônus que não era muito almejado (afinal, não era visto): a fidelização do público.

A creator economy é caracterizada pelo crescimento dos indivíduos que produzem conteúdo digital e constroem audiências em plataformas sociais. Um estudo do IAB Brasil revelou que 76% dos brasileiros acreditam que os influenciadores têm o poder de impactar as suas decisões de compra.

Essa nova dinâmica mudou a forma como as marcas se conectam com os consumidores. Ao contrário dos métodos tradicionais de marketing, que muitas vezes podem parecer invasivos ou distantes, os criadores de conteúdo oferecem uma abordagem mais autêntica e pessoal, sem que pareça forçado, já que está praticamente embutido no dia a dia. Eles têm o poder de construir comunidades em torno de interesses comuns, e essa conexão íntima gera um nível de confiança que é difícil de alcançar por meio de canais de marketing convencionais. E essas conexões são potencialmente maiores quando feitas por micro e nano influenciadores.

Além disso, a pesquisa apontou que 54% dos entrevistados afirmam que se sentem mais inclinados a comprar produtos promovidos por influenciadores do que por marcas diretamente. Isso indica uma mudança significativa nas preferências do consumidor, refletindo a importância crescente da voz dos criadores e de como as marcas devem considerá-los dentro do seu planejamento de marketing.

O estudo mostra como as novas gerações, especialmente a Geração Z e os Millennials, estão moldando o cenário da creator economy no Brasil. Estas gerações são nativas digitais, cresceram em um mundo saturado de informação e são muito mais exigentes em relação ao conteúdo que consomem. Os dados revelam que 72% da Geração Z e 69% dos Millennials afirmam que se sentem mais conectados com marcas que trabalham com influenciadores que compartilham seus valores.

Esses números destacam a importância de uma comunicação autêntica e alinhada aos interesses e valores do público-alvo. Os criadores de conteúdo desempenham um papel na formação das preferências e decisões de compra dessas gerações. Eles não apenas oferecem recomendações de produtos, mas também compartilham experiências, opiniões e vivências que ressoam profundamente com seus seguidores.

Mas o que é tão importante para a creator economy? Na minha visão, a autenticidade é um dos pilares. Hoje, os consumidores são mais rápidos em detectar desonestidade nas campanhas de marketing. Isso significa que, para as marcas, é essencial trabalhar com criadores que compartilhem seus valores e que possam transmitir uma mensagem genuína.

O estudo do IAB Brasil destaca que 61% dos consumidores consideram a autenticidade como o fator mais importante ao escolher um influenciador para seguir. Isso indica que, mais do que nunca, os consumidores buscam conexões verdadeiras e experiências compartilhadas.

Um exemplo claro dessa autenticidade pode ser observado nas parcerias entre marcas e microinfluenciadores. Embora possam ter menos seguidores, esses influenciadores frequentemente possuem uma relação mais próxima e engajada com suas audiências, resultando em taxas de conversão mais altas e em uma percepção mais positiva da marca. Uma pesquisa da Statista revelou que 82% dos consumidores têm mais chances de seguir recomendações de pessoas comuns, próximas do seu cotidiano, em comparação com celebridades.

As marcas que reconhecem a importância da creator economy estão se adaptando rapidamente para explorar essa nova dinâmica. A sinergia que é criada entre criadores e marcas se traduz em uma nova abordagem de marketing, onde as campanhas são co-criadas. A pesquisa da IAB indica que 67% dos consumidores estão mais propensos a comprar de uma marca que permite que os influenciadores criem seu próprio conteúdo em vez de seguir um roteiro rígido. Isso resulta em conteúdos mais autênticos, mas também em um maior engajamento por parte dos consumidores.

Embora a creator economy ofereça oportunidades sem precedentes e um mar de possibilidades criativas, também apresenta desafios. A saturação do mercado de influenciadores e a crescente competitividade podem dificultar a identificação dos criadores certos para parcerias. Além disso, a constante evolução das plataformas de mídia social e das regras de algoritmos significa que as estratégias de marketing devem ser constantemente ajustadas – de novo, considerando ambos os lados.

Outro desafio importante é garantir a diversidade e a inclusão. É fundamental que as marcas reconheçam e colaborem com criadores de diferentes origens, estilos e histórias. O estudo ressalta que 77% dos entrevistados desejam ver mais diversidade e inclusão nas campanhas publicitárias. Essa diversidade reflete uma sociedade mais inclusiva, mas também enriquece as narrativas que as marcas podem contar, ampliando seu alcance e impacto.

Ao olhar para esse mar de informações e dados relevantes, tenho pra mim que o futuro da creator economy no Brasil é promissor, especialmente com o avanço das tecnologias e o aumento da conectividade com uso de IA e machine learning para apoiar. As plataformas sociais continuarão a evoluir e novos formatos de conteúdo, como vídeos curtos e transmissões ao vivo, ganharão ainda mais destaque. O IAB Brasil estima que o investimento em marketing de influenciadores deve crescer cerca de 30% nos próximos anos, o que apresenta uma oportunidade única para criadores e marcas que buscam se adaptar a essas mudanças.

Em uma era em que a conexão e a confiança são mais valiosas do que nunca, a creator economy se destaca como um caminho vital para as marcas que desejam se envolver com as novas gerações. A economia dos criadores não é apenas uma tendência passageira, ela representa uma mudança de paradigma na forma como interagimos com o mundo digital e, ao mesmo tempo, oferece a chance de moldar um futuro em que a autenticidade e a conexão humana são celebradas e valorizadas.

Julia Affonseca é Diretora de Negócios e Operações da Wake Creators 

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